Isolamento social mais severo não piorou economia de municípios de SP

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Rua 25 de Março, São Paulo, quarentena Covid (foto de Rovena Rosa, ABr)
Rua 25 de Março, São Paulo, quarentena Covid (foto de Rovena Rosa, ABr)

Municípios do Estado de São Paulo que realizaram o isolamento social de forma mais severa não tiveram pior desempenho econômico. A conclusão é de estudo realizado em parceria entre a Unicamp e a Universidade do Texas, publicado semana passada no periódico Plos One.

A pesquisa, como antecipou ontem a coluna Empresa-Cidadã, avaliou os impactos econômicos agregados em 104 municípios, verificando que alguns setores tendem a ser mais afetados que outros. Os resultados partiram da análise de indicadores econômicos, de isolamento social e de saúde. Essas localidades concentraram cerca de 91% dos casos da Covid-19 entre março e junho de 2020.

“Nós encontramos evidências de que ao relaxar o isolamento social há um aumento substancial do número de casos e do ponto de vista econômico não muda muita coisa, porque a dinâmica econômica acaba sendo afetada pela dinâmica regional”, explica o professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp e coordenador do projeto de pesquisa, Alexandre Gori Maia.

“Os indicadores mostram que, quanto maior o isolamento, menor o número de casos e de mortes. Por outro lado, quando relacionamos o que aconteceria com o município em termos econômicos se ele não tivesse intensificado o isolamento, observamos que não haveria mudanças significativas”, explica Maia. Os resultados apontam também que a eficácia do isolamento social na contenção da pandemia é maior quando a política é articulada regionalmente, e não apenas em nível municipal.

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O pesquisador salienta que o resultado do estudo não quer dizer que não houve um grande impacto econômico causado pela pandemia, mas que não está atrelado exclusivamente ao isolamento social. “Houve uma queda geral na arrecadação de impostos, mas não foi o fato de um município ter ficado mais isolado que outro que fez com que tivesse desempenho econômico pior. Não há evidências de que os municípios que adotaram isolamento mais severo tiveram pior dinâmica econômica”, afirma.

A pesquisa integra projeto que conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Saúde. Fazem parte do grupo de pesquisadores: Alexandre Gori Maia (Unicamp), Letícia Marteleto (Universidade do Texas), Cristina Guimarães (FIPE/USP) e Luiz Gustavo Fernandes Sereno (Unicamp).

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