A cadeia de ataques lançada na manhã de sexta-feira por Israel contra o Irã incluiu entre seus alvos o chefe da Força Aérea dos Guardas Revolucionários, Amir Ali Hayizade, que as autoridades israelenses dizem ser a pessoa mais responsável pelos ataques com mísseis e drones.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, reuniu-se na manhã de sexta-feira com altos funcionários militares e de segurança, incluindo o chefe do Estado-Maior e o chefe do Mossad, para examinar a extensão do bombardeio da madrugada em vários locais no Irã. Em um deles, em um quartel subterrâneo, Israel supostamente atingiu a divisão da Força Aérea dos Guardas Revolucionários, de acordo com um comunicado do ministério.
Os serviços de inteligência israelenses consideram que o chefe da força aérea, Amir Ali Hajizade, que as Forças de Defesa de Israel (IDF) descreveram como uma “figura central” no lançamento de ataques aéreos, foi morto. O comandante da unidade de drones e o chefe do Comando Aéreo também teriam sido “eliminados”.
Os Guardas Revolucionários também reconheceram a morte de Hayizade, que eles lembram como um comandante “corajoso” e um “incansável general mujahedin”. De acordo com o órgão, o ataque é uma prova da “natureza terrorista” do “regime sionista” e ameaçou Israel e seus parceiros com “uma resposta apropriada e decisiva” quando Teerã considerar apropriado.
O Irã também reconheceu a morte de outros comandantes militares, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária, Hosein Salami. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já nomeou o substituto de Salami – Mohamad Pakpur, até agora comandante das Forças Terrestres.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, descreveu nesta sexta-feira o ataque como uma “ação unilateral israelense” e pediu uma redução da violência na região do Oriente Médio.
Falando em uma conferência de imprensa na Suécia, depois de se reunir com o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson, o líder da Otan disse que a situação estava “evoluindo rapidamente”, mas disse que foi uma “ação unilateral” de Israel.
“Acho que é crucial que muitos aliados, incluindo os Estados Unidos, trabalhem neste momento para diminuir a escalada. Sei que eles estão fazendo isso e acho que essa é agora a prioridade do dia”, disse ele, falando de Estocolmo.
O ex-primeiro-ministro holandês negou que o mundo esteja correndo para uma guerra nuclear ou conflito global por causa da instabilidade no Oriente Médio. “Não estamos próximos. Os aliados da Otan estão realmente lidando com essa crise. Todos estão focados na redução da escalada”, disse ele.
Dessa forma, Rutte seguiu a linha do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que negou a participação do governo de Donald Trump nos ataques realizados pelo Exército israelense, garantindo que eles fazem parte de uma “ação unilateral” de seu aliado no Oriente Médio.
Por sua vez, o primeiro-ministro sueco indicou que a urgência é evitar uma escalada de guerra na região, ressaltando que tudo dependerá das ações tomadas a partir de agora.
“Não precisamos de uma escalada em uma região que já está tão aquecida em muitos aspectos. Por razões regionais, é claro, mas também por causa do risco de espalhar os problemas pelo mundo”, disse Kristersson, observando que o importante agora é voltar à mesa de negociações com Teerã.
Já o governo brasileiro estuda medidas para romper relações militares com Israel em resposta às ações de Tel Aviv na Faixa de Gaza, classificadas pelo Executivo como um genocídio do povo palestino. A informação foi confirmada pela Assessoria Especial do presidente da República.
O assessor-chefe especial do presidente Lula, Celso Amorim, disse à Agência Brasil que é preciso tomar medidas coerentes com princípios humanitários.
“Pessoalmente, acredito que a escalada dos massacres em Gaza, que constituem verdadeiro genocídio com milhares de civis mortos, incluindo crianças, é algo que não pode ser minimizado. O Brasil precisa, inclusive, por meio das medidas apropriadas, ser coerente com os princípios humanitários e de direito internacional que sempre defendeu”, afirmou.
Nesta semana, Amorim recebeu um grupo de 20 parlamentares e outras lideranças que vieram pedir ao governo que rompa relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel.
No início deste ano, o governo já havia cancelado a compra de blindados israelenses que estava prevista pelo Ministério da Defesa em função da situação de Gaza.
O governo avalia que o rompimento de relações diplomáticas seria algo delicado e complexo e que poderia prejudicar tanto os brasileiros que vivem em Israel, quanto os palestinos, diante do fim da possibilidade de contato com Tel Aviv.
Por isso, o governo considera que o rompimento de relações militares, com suspensão de contratos e cooperação nesse setor, pode ser uma resposta adequada à escalada da violência e do cerco contra a Faixa de Gaza e os palestinos, incluindo a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional.
Ao sair da reunião com Amorim, a deputada Natália Bonavides (PT-RN), que articulou o encontro, explicou que o governo estuda essas medidas e pode anunciar “nos próximos dias” ações relacionadas a esse tema.
“Simplesmente, um extermínio que está sendo televisionado. O Brasil tem tido um papel importante nesse tema ao longo da história. E o presidente Lula, inclusive, vem denunciando o genocídio desde o início e viemos pedir que o Brasil tome medidas efetivas, adote sanções, que inclusive são respaldadas pelo direito internacional. É desumano. Se a gente naturaliza a barbárie, a maldade no mundo não tem limites”, informou em uma rede social.
Tem crescido o movimento pelo rompimento das relações entre Brasil e Israel. força. As federações de petroleiros têm solicitado que a Petrobras pare de vender petróleo a Israel.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) publicaram carta aberta ao governo pedindo que a Petrobras pare de vender petróleo ao governo de Israel.
“Hoje, é evidente a necessidade urgente de um embargo global total de energia e armas para frear o genocídio, além de desmantelar o apartheid e a ocupação ilegal por Israel. Exigir a responsabilização por crimes de guerra e impor sanções não apenas como um dever moral, mas também como responsabilidade legal de todos os Estados”, disseram as federações, em nota conjunta.
O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado por palestinos, pede há anos boicote contra Israel em resposta à ocupação ilegal da Cisjordânia e ao cerco contra a Faixa de Gaza, que ocorre pelo menos desde 2007. Israel considera que o BDS representa ameaça à existência do Estado israelense e encara o movimento como tentativa de deslegitimar Israel frente à comunidade internacional, além de visar prejudicar sua economia.
Com informações da Europa Press e da Agência Brasil
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