A implantação do Jaé, sistema de bilhetagem digital do transporte coletivo, representa um avanço significativo na mobilidade urbana do Rio de Janeiro. Atualmente em funcionamento nos modais urbanos do município do Rio, incluindo ônibus, VLT, BRT, vans e “cabritinhos”, esse modelo de bilhetagem tem potencial para revolucionar o transporte na Região Metropolitana e em todo o estado. No entanto, sua expansão depende de um alinhamento institucional e político entre os entes federativos, algo essencial para garantir uma mobilidade integrada e acessível para milhões de passageiros.
A expansão do Jaé pode se tornar ainda mais viável com a tramitação do PL 3278/21 no Congresso Nacional. Esse projeto de lei reforça o transporte coletivo como direito social essencial e define a responsabilidade compartilhada entre União, estados e municípios para garantir sua organização em uma rede única, intermodal e integrada.
O que falta para expandir o Jaé em todo o estado?
A resposta passa pela vontade política e pelo estabelecimento de um acordo entre o governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes. Conforme destacado pela secretária municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Maína Celidonio, em recente evento no Clube de Engenharia, não há barreiras tecnológicas intransponíveis para essa expansão. Ao contrário, a tecnologia pode ser um facilitador para acelerar a implantação da bilhetagem integrada nos ônibus intermunicipais, trens, metrô e barcas.
Modelos de sucesso ao redor do mundo demonstram que a integração tarifária e modal é viável e altamente benéfica para a população e para a economia. Dois exemplos são o Navigo, na Região Metropolitana de Paris, e o Oyster Card, em Londres.
O Navigo permite que os passageiros utilizem diversos modais – trens, metrô, ônibus, bondes e bicicletas públicas – com uma tarifa unificada, garantindo previsibilidade de gastos e facilidade de uso. Já o Oyster Card adota um sistema de cap tarifário, estabelecendo um teto máximo de gasto diário ou semanal, aliviando o peso das tarifas para aqueles que dependem intensamente do transporte público.
Benefícios para o Rio de Janeiro
A implantação plena do Jaé em todo o Estado do Rio de Janeiro pode proporcionar vantagens como:
• Integração entre os modais, reduzindo tempos de espera e custos para o usuário;
• Previsibilidade de gastos, permitindo maior planejamento financeiro para as famílias fluminenses;
• Maior atratividade para o transporte coletivo, combatendo a crise do setor e reduzindo a dependência do transporte individual;
• Modernização do sistema, facilitando a fiscalização, o combate a fraudes e a gestão do serviço.
Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade civil organizada, com destaque para instituições como o Clube de Engenharia, atue para estimular um diálogo construtivo entre estado e município. O alinhamento entre governo estadual e prefeitura é essencial para viabilizar essa solução que pode transformar positivamente a mobilidade no Rio de Janeiro.
A expansão do Jaé não é apenas uma questão de modernização do sistema de bilhetagem; é uma estratégia estruturante para melhorar a qualidade de vida da população, reduzir desigualdades e impulsionar o desenvolvimento econômico do Estado. A oportunidade está posta. Cabe aos líderes políticos e empresariais a decisão de torná-la realidade.
José Augusto Valente é membro da Divisão Técnica de Transporte e Logística do Clube de Engenharia. Foi secretário de Política Nacional de Transportes e presidente do DER-RJ.
Interessante que a grande novidade que o Jaé vai trazer integrando os transportes municipais com os intermunicipais é algo que o Riocard já faz há um tempão. Desde a época da faculdade uso o Riocard pra sair de caxias para estudar na praia vermelha, pego trem, metrô, ônibus. Agora querem tirar o que funciona, obrigar a gente a ter 2 cartões e dizer que a novidade do Jáé é uma grande modernidade.
Queria muito que o Jaé funcionasse em todo o estado. Riocard funciona, mas é tudo pela metade. Cartão digital e físico possuem saldos distintos, não pode aplicar b.u no cartão digital, fora o inferno que é a validação e a falta de terminais de recarga pelos bairros.