Conhecido como o Picasso chinês, Chang Dai Chien, considerado o principal pintor da China no século 20, viveu quase duas décadas no Brasil, em uma bela propriedade em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. A história, que retrata a ligação entre os dois países, foi relembrada pela ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, no último sábado (16), durante a cerimônia de reinauguração da Casa Pacheco Leão – um dos mais emblemáticos prédios históricos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – cuja reforma foi finalizada em outubro. A Casa foi aberta ao público nesta quinta-feira (21) com a exposição inédita Rota do Chá – Botânica, Cultura e Tradição, como parte das comemorações pelos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China. A Casa terá entrada gratuita e funcionará de quinta a terça-feira, das 9h às 17h.
Com investimento de R$ 2,7 milhões, aprovados pelo Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), patrocínio da State Grid Brazil Holding e do Banco BOCOM BBM, o projeto tem como objetivo a reforma e manutenção deste imóvel histórico, onde serão realizadas atividades culturais abertas ao público.
O presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman Vianna, destacou a relevância do novo espaço cultural da instituição. “O primoroso restauro da Casa Pacheco Leão devolve à sociedade mais um importante patrimônio histórico cultural do país. O projeto traz a integração entre a ciência botânica, a história e a cultura, que traduz, na prática, a missão do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a de fazer e difundir pesquisas científicas, visando à conservação da biodiversidade.”
O chá chegou ao Brasil pelo Jardim Botânico
Fechada há cerca de oito anos, a Casa, onde residiu o médico Antônio Pacheco Leão, diretor do Jardim Botânico de 1915 a 1931, passou por obras de manutenção e restauração durante seis meses. O imóvel recebeu um elevador e banheiros com acessibilidade. Todo o processo foi autorizado e acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A exposição Rota do Chá – Botânica, Cultura e Tradição traça a história do chá desde suas origens ancestrais na China até sua disseminação global, com destaque para os rituais, as artes e a evolução social, associados à sua produção e consumo. A programação inclui apresentações musicais, palestras e workshops.
O Jardim Botânico do Rio faz parte dessa história, por ser o primeiro lugar no Brasil onde foi introduzido o cultivo da planta do chá (Camellia sinensis (L.) Kuntze), por chineses trazidos pela coroa portuguesa especialmente para esse trabalho, no início do século 19.
A relação do chá com o Brasil passa também por Catarina de Bragança, filha de D. João IV, que foi esposa do Rei Charles II, da Inglaterra. Foi a princesa portuguesa quem introduziu, em 1662, o chá na Inglaterra. Lá, a bebida se incorporou aos costumes: em poucas décadas, os ingleses adotaram o costume do chá das 5, popularizando a bebida no Ocidente. Séculos depois, D. João VI, também da Casa de Bragança, foi obrigado a deixar Portugal, com a Corte, em 1807, e chegou no Brasil no ano seguinte. Em junho de 1808, fundou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
50 anos de amizade entre Brasil e China
Sun Tao, chairman da State Grid Brazil Holding, ressaltou: “Esse é mais um importante marco em nossa contribuição para a celebração dos 50 anos de amizade e parceria entre Brasil e China. A entrega da Casa Pacheco Leão totalmente restaurada é uma forma de reforçarmos a relevância que damos à preservação da História e da cultura do país. Temos orgulho de proporcionar essa experiência a todos os visitantes do Jardim Botânico.”
O presidente-executivo do BOCOM BBM, Alexandre Lowenkron, acrescentou: “Nossa trajetória começou com a junção de duas instituições financeiras com longas histórias na China e no Brasil, e hoje estamos orgulhosos de apoiar esse projeto de conservação cultural e preservação, além de trazer a história do chá, tão importante para ambos os países, em celebração os 50 anos de relações entre Brasil e China, com a entrega de um legado para o Rio de Janeiro.”
Estiveram presentes à inauguração o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, o diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, entre outras autoridades.