Em maio do ano passado, este colunista almoçou com militares da ativa e da reserva. No cardápio, além de peixe e carne, a crise na segurança do Rio. A saída traçada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) começava pela intervenção na cúpula de segurança do estado. A visão dos especialistas era que seria impossível qualquer mudança sem este passo essencial. O prazo para a ação seria até o final do mês seguinte, junho.
A pedido dos participantes, nada do que se discutiu foi publicado. O tempo passou, e a intervenção não veio. Motivos políticos suplantaram as decisões estratégicas.
Agora, novamente interesses políticos se sobrepõem. Um, tentar reviver um presidente da República que planta nas colunas amigas a intenção de ser candidato à reeleição, do alto de seus 97% de impopularidade. Outro, abrir caminho para a criação do Ministério da Segurança Pública.
Se criar ministérios resolvesse os problemas, Dilma Rousseff não teria sofrido tanto em seu governo com 39 pastas. A invenção de Temer tenta jogar com a mídia, mas o objetivo é mais profundo: tirar a incômoda Polícia Federal de seus calcanhares. A ventilação do nome de José Beltrame, delegado da PF e ex-secretário de Segurança do Rio, corrobora a tese.
Ainda há flechas
Fica o alerta: as investigações da Lava Jato sobre o Governo do Rio de Janeiro ainda não alcançaram mais que duas ou três pastas.