Jovens ‘nem-nem’ chegam a 16% durante pandemia

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Jovens (Foto: Galeria de Fora do Eixo/CC)
Jovens (Foto: Galeria de Fora do Eixo/CC)

Dados captados pela segunda edição do Atlas da Juventude, lançado em junho deste ano, apontam que os efeitos da pandemia, que agravou ainda mais o quadro social brasileiro, afetou especialmente os mais jovens. Houve crescimento considerável dos chamados jovens “nem-nem”, ou seja, daqueles que não estudam ou trabalham. De 10% dessa população, em 2020, saltou, em 2021, para 16%.

Segundo as informações obtidas pelo Atlas, as principais atividades exercidas continuam sendo empregos com carteira assinada (principalmente entre os mais velhos) e aprendizes. Os trabalhos autônomos são mais comuns na faixa dos 25 a 29 anos e em áreas urbanas. A ajuda doméstica sem remuneração é mais comum na faixa dos 15 a 17 anos e em áreas rurais. Entre jovens consultados que não estão trabalhando, 30% não estão estudando.

Dentre os jovens que não estão trabalhando, 60% não tiveram qualquer atividade remunerada neste período. Os 40% restantes obtiveram alguma renda na informalidade ou no trabalho autônomo. Destes, 20% fizeram trabalhos pontuais sem carteira assinada e 10% trabalharam por conta própria ou abriram um negócio, o que mostra uma crescente no desejo dos jovens de empreender

Diante de uma realidade difícil, o sentimento dos jovens em relação às perspectivas do trabalho no futuro é de desconfiança: 40% estão animados e esperançosos, mesmo percentual daqueles que se sentem inseguros.

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Já segundo Marcos Minoru Nakatsugawa, professor assistente (especialista) de Graduação e Pós-graduação na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), os jovens ficam menos tempo em empregos. Segundo ele, alguns dos motivos que podem explicar o fenômeno são conflito de gerações, avanço da tecnologia, falta de ações das empresas para engajar esses profissionais e a busca por um propósito de vida que não pode ser atendido pelas organizações.

O choque geracional sempre existiu e trouxe mudanças de atitude e comportamento, no mundo todo. “Não se trata de uma prerrogativa do mundo contemporâneo, não é uma grande novidade, como muitos dizem”, diz Minoru.

“As gerações de hoje nem de longe têm o pensamento de seus avós ou bisavós, que almejavam estabilidade, por meio de concursos públicos. Seus próprios pais são de outra geração, pois valorizam o trabalho e o sucesso profissional, medido pela ascensão vertical ou por fazer carreira em grandes corporações, preferencialmente multinacionais. Nossos avós ou bisavós certamente também possuíam outras perspectivas de carreira e de vida, se comparados a nossos tataravós”.

Outro importante fator declarado pelos jovens para mudarem de emprego é a busca de um propósito na vida e no trabalho.

“Muitos não encontram esse propósito e, por isso, acabam, ao trocar de trabalho, buscando algo que ainda não sabem o que é. Como orientador de carreiras, quando pergunto às pessoas que assessoro o que objetivam na vida, o legado que querem deixar à sociedade… geralmente, elas não conseguem responder. Vejo muitos fazendo movimentações de carreira por um ideal ainda não materializado”.

Definir um propósito não deve cercear as pessoas em seus movimentos de carreira: o caminho que leva ao objetivo pode ser tortuoso. Se é que não deve. A carreira em “T” exemplifica o ideal de desenvolvimento pessoal e profissional, neste contexto: a especialização é representada pela vertical do “T”, enquanto que sua barra horizontal se refere às movimentações de carreira que objetivam aumentar o seu escopo de atuação – e até mesmo de “trabalhabilidade”.

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