O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) elevou as taxas de juros para 4,25% a 4,5%, nível mais alto em 15 anos, sinalizando que a batalha contra a inflação está longe de terminar. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) votou por aumentar a taxa em meio ponto percentual, continuando o ciclo mais agressivo em 40 anos. No entanto, houve redução do ritmo, já que os últimos quatro aumentos foram de 0,75 ponto.
O Índice de Preços ao Consumidor, divulgado nesta terça-feira, mostrou que os preços dos alimentos continuam subindo, para 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Como esperado, as Bolsas de Valores caíram: o Dow retraiu 0,42%, para 33.966,35 pontos; o S&P 500, 0,61%, para 3.995,32 pontos; e o Nasdaq, 0,76%, para 11.170,89 pontos.
O dólar enfraqueceu no final do pregão. O índice do dólar, que mede a moeda norte-americana em relação aos seis principais pares, caiu 0,21%. O euro subiu para US$ 1,0669, e a libra esterlina, para US$ 1,24.
Beto Saadia, economista e sócio da BRA BS, destacou que o Fed prevê uma taxa de 5,1% no final do próximo ano, maior do que o esperado pelo mercado. “Em setembro, nenhum dos 19 membros do Fed esperava que as taxas atingissem 5% no próximo ano. Agora, são 17”, afirmou.
Rafael Marques, CEO da Philos Invest, concorda que as projeções vieram piores em comparação à reunião anterior, “reforçando o trabalho duro que precisa ser feito, e que ainda não mostra resultado, principalmente na área de serviços”. Como a meta de inflação é 2%, “fica difícil esperar (…) uma diminuição dos juros ao longo de 2023. O Fed vai continuar reduzindo seu balanço”.
De acordo com o diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, as causas para a elevação dos preços nos EUA estão atreladas tanto a fatores de oferta, quanto de demanda. “O aumento no preço dos combustíveis e o desarranjo da cadeia de produção durante a pandemia contribuíram para a elevação dos preços, sobretudo de bens de consumo duráveis”, informa o executivo.
Analisando o panorama econômico americano, Meirelles afirma que, por mais que a última taxa de inflação tenha surpreendido positivamente, dados de atividade e trabalho ainda estão em níveis elevados. Ele ressalta que as taxas futuras indicam que o mercado já espera uma taxa de cerca de 5% para 2023. “Isto significa que esses aumentos [de juros] já devem estar embutidos no preço dos ativos. O que realmente pode impactar significativamente as bolsas mundiais são possíveis surpresas na trajetória dos juros ou uma queda na atividade maior do que o projetado”, conclui Meirelles.
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