Juros pesam duas vezes mais na renda do brasileiro

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O endividamento do brasileiro corresponde a pouco mais da metade da renda anual (55%). O percentual é bem inferior à média de 28 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que chega a 130%.
Porém, no Brasil, o comprometimento da renda com pagamento de juros e amortizações é o dobro da média registrada em uma lista de 17 países desenvolvidos – 12 europeus, além de Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra a composição do endividamento dos brasileiros e explica por que se compromete tanto a renda no país, apesar de o montante dessa dívida não ser tão alto.
A média de comprometimento da renda com pagamento de juros e amortizações nos 17 países estudados é de 9,8%, enquanto no Brasil alcança 20%. Um dos motivos é o tipo de endividamento. “A dívida mais longa e com mais garantias tem menos impacto no orçamento doméstico, porque a amortização do principal é diluída em muitos anos e a qualidade da garantia permite que os juros sejam mais baixos”, explica Estêvão Kopschitz, pesquisador do Ipea.
“Os brasileiros investem menos em aquisição de imóveis, por exemplo, mas gastam muito com cartão de crédito”, aponta Kopschitz. Enquanto aqui a parcela do endividamento com crédito habita-cional corresponde a 43%, ele varia entre 67% e 97% em países como Japão, Alemanha, Países Baixos e Noruega.
O outro fator determinante para o comprometimento da renda são as elevadas taxas de juros praticadas no Brasil. Embora elas tenham fechado 2018 em queda – média de 24,1% em dezembro de 2018, face a 26,5% em dezembro de 2017 – o valor ainda é alto.
O spread (diferença entre o custo do dinheiro para os bancos e os juros que eles cobram) subiu muito entre julho de 2015 e setembro de 2016. A queda registrada desde o fim de 2016, acompanhan-do a redução da taxa básica de juros (Selic), não foi suficiente para alterar o quadro: o spread estava em 23,02% para pessoas físicas.
 

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