Com a inflação pelo IPCA na casa de 2,5% nos últimos 12 meses, os juros básicos reais, com última queda da taxa Selic, devem ficar na faixa de 2% a 2,5% ao ano. Motivo para o governo soltar rojões, mas um pouco de história mostra que não há nada de inédito. No início de 2013, a taxa básica de juros real ficou abaixo de 2%.
A taxa de juros real veio em trajetória de queda desde 2003, com pequenos picos em meados de 2005 e no final de 2008. No período posterior a 2011, a taxa de juro real esperada para os próximos 12 meses ficou no patamar de 5% ao ano.
Em 2013, a trajetória de queda é interrompida. Naquele ano, como mostrou a coluna (“Ascensão dos bancos públicos e queda do PT”), a participação dos bancos públicos e privados no estoque total de crédito se igualou, após uma persistente elevação das instituições estatais iniciada em 2008.
A partir de meados de 2013, os bancos estatais suplantaram os particulares e passaram a deter mais da metade do estoque de crédito. Chegaram ao auge, pouco acima de 55%, no início de 2016. Mas a queda dos juros básicos já havia sido interrompida, com as jornadas de junho de 2013, a tibieza do Governo Dilma e a crise política. Vieram as políticas ultraneoliberais, e a crise econômica se somou à política.
Como ensinou Ranulfo Vidigal, integrante do Conselho Editorial do Monitor Mercantil, é mais adequado creditar o atual momento de taxas nominais cadentes ao excesso de liquidez internacional e ao momento deflacionista/recessivo predominante em importantes economias de primeira linha ao redor do planeta. “Na linguagem do mainstream econômico, seriam tempos de excesso de poupança”.
Ameaça chilena
“O Plano Mais Brasil deveria se chamar Plano Mais Chile”, detona o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) ao comentar o pacote de medidas econômicas enviado pelo Governo Bolsonaro ao Congresso, “algumas contendo pontos absurdos e até inconstitucionais”.
Para o deputado fluminense, a prioridade deveria ser a Reforma Tributária, “que diminuirá a carga de impostos para os trabalhadores e a classe média”. Bem, nestes governo e Congresso, melhor ter poucas esperanças nesse sentido.
Molon admite que o governo não tem interesse em cobrar mais impostos dos super-ricos. “Por isso, propõe o congelamento do salário mínimo, a diminuição de recursos para Saúde e Educação e desmantelamento da rede de proteção social”, ataca.
De um bolso para outro
As alíquotas de contribuição previdenciária dos servidores públicos contratados através de concurso até 2012, antes e depois da aposentadoria, passarão a ser progressivas, variando de 7,5% a 22%, em vez dos atuais 11% para todas as faixas salariais. Já no regime geral as alíquotas vão variar de 7,5% a 14%, no lugar dos atuais 8% a 11%.
“As alíquotas progressivas são boa notícia, mas são menos progressivas do que parecem. Isso porque as alíquotas mais altas pagas à Previdência implicam descontos mais altos no Imposto de Renda, que é calculado sobre a renda bruta menos as contribuições previdenciárias”, explica professor da FGV e da UnB Marcelo Medeiros, especialista em desigualdade e pesquisador do Ipea. “Acaba que o Imposto de Renda passa a financiar uma parte da Previdência.”
Aos poucos
A vacância de imóveis no Porto Maravilha cai para 41%, segundo a consultoria imobiliária Colliers Internacional, que divulgou balanço sobre a evolução da ocupação dos imóveis na região. Os dados apontam queda no número de imóveis desocupados no segmento Classe A e A+ no terceiro trimestre.
Desdém
Candidato a poodle de Trump, Bolsonaro bajula os EUA, que rejeitam apoio ao Brasil, não compram carne, nem comparecem para o leilão do pré-sal. A China, que se juntou à Petrobras, é desdenhada. Os investimentos chineses aqui caíram de US$ 8,8 bi para US$ 3 bi.
Rápidas
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), realizará, dias 12 e 13, o 1º Encontro de Bioeconomia e Sociobiodiversidade na Amazônia. Programação aqui *** Nesta segunda tem baile em comemoração ao aniversário de 11 anos de atividade do Caxias Shopping, a partir das 17h.