Além das batalhas emblemáticas contra os golpistas, o cartel da mídia local, o FMI e o locaute dos ruralistas, o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner fez do seu governo um caso paradigmático contra o imobilismo político. Enquanto em outras plagas, políticos que mudam para vencer em lugar de vencer para mudar alegam a impossibilidade de realizar mudanças profundas num único mandato, para justificar sua adesão aos paradigmas conservadores, Kirchner, em apenas quatro anos, tirou a Argentina da depressão, recolocou o país na trilha do crescimento continuado na faixa de dois dígitos e deu passos importantes para a reindustrialização argentina. Por seu exemplo, fará falta ao seu país e à América Latina, bem como a todos lutadores sociais do mundo.
Machismo
A morte de Kirchner expôs, mais uma vez, o preconceito machista dos setores mais conservadores, principalmente da mídia financista, em relação à presidente Cristina Kirchner. Embora Néstor tivesse papel destacado no governo – como era natural num líder da sua estatura – e fosse o principal candidato a sua sucessão, rebaixar Cristina a mera mulher de ex-presidente, além de preconceituoso, é tentar apagar toda a sua longa trajetória, com destacada atuação na política, inclusive, nos debates no Senado.
Alunos decepcionam
“Tenho 74 anos e fui professor da Dilma e do Serra. Pelo nível dos debates entre os dois candidatos, fico em dúvida sobre se escolhi a profissão correta.” O desabafo foi feito pelo economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, em palestra comemorativa dos 80 anos da Faculdade de Economia da Uerj.
O chefe
Lessa comentou também a repercussão da declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para quem o dólar deveria estar em R$ 2,60, para evitar conseqüências nefastas à competitividade da produção nacional: “Pensei que ia ser uma bomba para o mercado, mas ninguém levou a sério. Nada aconteceu. O presidente continuou sendo o Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do BC)”, disse, frisando que a questão chave para o Brasil é a autonomia do BC.
Capital humano
O Estado do Rio de Janeiro tem três faculdades de Geologia, mas, até pouco tempo, não havia nenhum geólogo na Serla. A comparação foi feita, no mesmo evento, pelo professor Ernani Chaves, da Uerj, no debate “Caminhos para o desenvolvimento”. Chaves destacou, ainda, que, se a cidade do Rio aspira a ser a capital do petróleo na América do Sul, precisa ter planejamento e investimento em infra-estrutura e entretenimento para atrair o seleto público do setor.
Outro debatedor, Mauro Osório, da UFRJ, acrescentou que a TurisRio tem só quatro técnicos formados na área: “Somente agora, o estado começou a fazer concursos”, salientou.
Tabelinha
Fascinados por futebol, os presidentes do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e da Bolívia, Evo Morales, participaram de uma equipe que enfrentou um time profissional iraniano. A partida terminou empatada, em 4 x 4, com um gol marcado por Ahmadinejad após tabela com Morales. O resultado foi decidido nos pênaltis, sendo vencida, por 8 x 6, pela equipe dos dois presidentes. A programação faz parte da visita de Morales ao Irã, na segunda vez que vai àquele país desde que chegou à presidência. O Irã estuda investir quase US$ 290 milhões na Bolívia, principalmente na indústria têxtil e na exploração de minérios.
Verdadeiro temor
Diante do derretimento do dólar em relação ao real e do consequente agravamento das contas externas, o presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), João Paulo de Almeida Magalhães, alertou que, sob risco de desidustrialização, o Brasil em vez de comemorar, de “maneira ufanista”, sua inclusão, ao lado de China, Índia e Rússia, no Bric, deveria se preocupar em não ser expulso do grupo.