‘Kit-Covid’ com ‘receita pronta’

459
Ministério da Economia: ABr
Ministério da Economia (foto ABr)

Os médicos da Prevent Senior não tinham autonomia e que os pacientes recebiam um “kit-Covid” com “receita pronta” para tratamento da Covid-19. A revelação foi feita pela advogada Bruna Mendes Morato responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê com denúncias envolvendo a empresa, ao depor nesta terça-feira na CPI da Pandemia.

A representante de 12 médicos do plano de saúde e responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê com denúncias envolvendo a empresa, relatou que profissionais recebiam ameaças e que houve distribuição do “kit covid”, inclusive para pacientes com comorbidades. Segundo Bruna, não eram feitos exames preliminares, como testes cardíacos, antes da entrega dos kits, que também foram enviados como “brinde” a beneficiários do plano, e que oito itens chegaram a compor o kit de “tratamento precoce”. Entre eles, estavam medicamentos comprovadamente sem eficácia contra a Covid-19 como hidroxicloroquina.

A partir dos relatos e por pressões sofridas pelos médicos para orientar a prescrição do “kit covid”, ela requereu que a empresa admitisse que o tratamento precoce da Prevent Senior não obteve eficácia e que a operadora respeitasse a a autonomia dos profissionais em recomendar o tratamento adequado a cada paciente. “Dr. Pedro Batista (diretor-executivo da Prevent Senior) sentou nessa cadeira para dizer que ele dava autonomia aos médicos. Nunca deu”, criticou.

Ministério da Economia

Segundo Bruna Morato, no início da pandemia o diretor da Prevent Pedro Batista Jr. tentou aproximar-se do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que fizera críticas à empresa após várias mortes por Covid-19 no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Sem êxito na aproximação com Mandetta, a Prevent Senior teria fechado uma “aliança” com um conjunto de médicos que assessoravam o governo federal, “totalmente alinhados com o Ministério da Economia”. Entre os médicos estariam integrantes do chamado gabinete paralelo como Nise Yamaguchi e Paulo Zanotto, que também teriam atuado no Ministério da Saúde.

Espaço Publicitáriocnseg

“Existia um interesse do Ministério da Economia para que o país não parasse. Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo. Em reunião promovida pela Prevent Senior com médicos (foi anunciada) uma colaboração da instituição para produção de informações que convergissem com essa teoria: de que é possível utilizar determinado tratamento como proteção”, denunciou Bruna, ressalvando nunca ter ouvido o nome do ministro Paulo Guedes nas conversas.

Segundo a Agência Senado, para senadores, a informação aponta que a atuação do gabinete paralelo não se restringia ao Ministério da Saúde. “O fato novo é a relação desse gabinete paralelo com o Ministério da Economia”, apontou Renan.

Leia também:

‘Prevent Senior obrigou uso de remédios sem comprovação’

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui