Lei neoliberal segue para Senado da Argentina

Lei de Bases, conhecida como Lei Omnibus, foi aprovada após governo Milei desidratar proposta

365
Deputados da Argentina debatem pacote de Milei
Deputados da Argentina debatem pacote de Milei (foto de Martin Zabala, Xinhua)

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou na manhã desta terça-feira, após quase 21 horas de debate, a Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, mais conhecida como Lei Omnibus pela variedade de questões que aborda. Também foi aprovado o texto geral da reforma fiscal.

O projeto de lei apresentado pelo presidente Javier Milei em janeiro, com mais de 660 artigos, foi retirado pelo próprio Executivo por faltar o respaldo para aprovação item a item.

A nova versão é composta por 232 artigos, e entre as mudanças mais importantes em relação à versão anterior está a retirada do Banco de La Nación da lista de empresas públicas que podem ser privatizadas, além do corte do capítulo de defesa da concorrência.

O texto segue parao Senado. A votação foi de 142 votos a favor, 106 contra e cinco abstenções. O texto da reforma fiscal foi aprovado no geral, mas agora deve ser apreciado ponto a ponto e depois também remetido aos senadores.

Espaço Publicitáriocnseg

A proposta ganhou o apoio de legisladores do partido oficial A Liberdade Avança, bem como de aliados como a Proposta Republicana (centro-direita) e dos chamados blocos de “diálogo” como a União Cívica Radical (UCR, social-democratas), Fazemos a Coalizão Federal (centro) e a Inovação Federal (partidos provinciais).

O debate contou com a participação de cerca de 150 deputados e foi marcado pelas fortes divergências entre legisladores governistas e da oposição, que rejeitam as reformas promovidas pelo Executivo.

O Partido Justicialista (peronista), sob o nome de União pela Pátria (UxP), que governou entre 2019 e 2023, frentes de esquerda e parte da UCR se manifestaram contra a proposta.

Leia também:

O ‘milagre’ de Milei: calote na conta de luz | Monitor Mercantil

O debate legislativo foi transmitido ao vivo pelos principais canais de televisão da Argentina, enquanto organizações sociais e sindicatos se mobilizaram até a sede do Congresso, no centro de Buenos Aires, para manifestar seu repúdio à iniciativa.

Está prevista para o próximo dia 9 uma greve geral convocada pela Confederação Geral do Trabalho, em repúdio às políticas governamentais.

O projeto contém um anexo com empresas estatais sujeitas a concessão ou privatização total ou parcial, embora a lista tenha sido reduzida de 44 para 11 para desbloquear o debate. Entre elas está a Aerolíneas Argentinas, que poderá ser vendida integralmente, enquanto a AySA (água) e o Correio Oficial poderão ser parcialmente privatizadas ou dadas em concessão.

O Produto Interno Bruto (PIB, medida da economia de um país) argentino caiu 1,6% em 2023, enquanto a inflação, uma das grandes preocupações da população, junto com a insegurança urbana, acumulou 51,6% nos primeiros três meses deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Economia. Estatísticas e Censos.

Milei disse no domingo passado à imprensa local que “embora seja verdade que estamos no pior, no pior momento da atividade econômica, a realidade é que as fotos que estamos recebendo são da pré-história. Começa-se a ver que alguns indicadores mostram que se está atingindo um fundo, e há setores que estão se expandindo de forma muito clara, como a mineração, o petróleo, o gás e a agricultura”.

Com Agência Xinhua

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui