Leite é responsável por 34% do aumento de preço médio da cesta básica

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Leite longa-vida (Foto: J.C.Cardoso)
Leite longa-vida (Foto: J.C.Cardoso)

O preço do litro do leite surge como novo vilão do aumento de preços em julho, atingindo o ápice de 72% ante julho 2021. No mesmo período, a alta registrada pelos alimentos nos domicílios foi de 17,5%. Quando comparado às principais categorias do varejo em supermercados e atacarejos regionais, o leite foi o que mais acelerou as altas de preços no mês de julho 22. Por outro lado, o arroz segue em deflação, enquanto o café e outros commodities tiveram desaceleração nas altas de preços. Os dados são de estudo mensal de julho do Radar Scanntech.

Embora represente apenas 24% das unidades vendidas na cesta básica, o leite foi responsável por 34% do aumento de preço médio da cesta em julho.

O forte aumento de preço do leite vem impactando o preço de seus derivados, que tem apresentado aceleração a partir de abril 2022. No mês de julho 2022 este movimento se mostrou ainda mais intenso, provocando uma redução de 15% no volume de vendas de lácteos quando comparado a julho 2021.

Priscila Ariani, diretora de Marketing da Scanntech explica que o volume de vendas das categorias sofre com queda do poder aquisitivo dos consumidores diante da pressão inflacionária. Quanto à categoria de lácteos, o preço conseguiu manter o valor das vendas, mesmo com a forte redução do volume registrado em julho 2022 em comparação com o ano anterior.

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O leite e seus derivados, como queijos, iogurtes e leite condensado, presentes do café da manhã à sobremesa do jantar, estão em uma escalada de preços que gerou um impacto negativo na inflação de 0,22 ponto percentual.

Somente entre janeiro e julho de 2022, o leite teve alta de 77,84%, segundo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em negócios internacionais, explica que ”a precificação do leite não depende apenas do desejo do estabelecimento em lucrar mais. A alta dos combustíveis e a escassez da oferta de grãos, agravada pelo conflito na Ucrânia, impactam no valor final do alimento”.

Durante o período mais severo de isolamento provocado pela pandemia, em 2021, o brasileiro estava ainda mais habituado a levar leite para casa. O país registrou aumento de 22% no consumo do alimento, segundo a Embrapa. A abundância deu lugar à uma economia forçada. Pesquisa Datafolha revelou que 23% estão substituindo o leite puro integral pelo soro do leite.

“O aumento da demanda por um determinado produto interfere diretamente no seu valor. E essa não é uma realidade exclusiva do Brasil. Problemas internacionais como a crise dos fertilizantes e a escassez de grãos afetam diretamente a alimentação das vacas, o que interfere no custo do leite” afirma o especialista.

Outro problema é o aumento do valor dos combustíveis. Em maio, o diesel chegou ao teto de R$ 7, maior valor da série histórica da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Desde então, o preço está em baixa, mas ainda pesa negativamente no custo do leite.

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