Levará décadas para que petróleo deixe de ter o peso que tem

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O choque da demanda de energia em 2020 é o maior em 70 anos. Ao mesmo tempo, a demanda global deverá cair 6% este ano, sete vezes mais do que na crise financeira de 2009, segundo estimativas da empresa de consultoria e auditoria PwC em seu estudo “Futuro da Indústria de Óleo & Gás”, que é baseado em dados da Agência Internacional de Energia (IEA) para 2020.

A recessão global causada por restrições prolongadas ao movimento de pessoas, bens e atividades sociais e econômicas também terá um impacto significativo no investimento em energia, que deve cair 20% neste ano. Segundo o levantamento, mesmo se houver uma chance de uma recuperação econômica em forma de V, o choque da pandemia no comportamento futuro não pode ser ignorado.

A perspectiva é de que levará cerca de quatro anos para que a demanda global volte a 100 milhões de barris por dia (mbpd). O quadro reduzirá investimentos em exploração e desenvolvimento, mas, por outro lado, uma menor oferta de energia nesses próximos anos poderia levar a um preço mais alto do petróleo entre 2024 e 2030, juntamente com a demanda elevada para 105 mbpd, à medida que consumidores, empresas e países busquem o menor custo de energia. “Olhando para o futuro contrato de janeiro de 2024 para o WTI, a perspectiva é de US$ 53,98, o que é um valor interessante”, assinala o estudo.

Em contraponto ao ritmo contínuo ou à aceleração da transição energética, a situação da Covid-19 vai postergar a transição energética por vários anos em todas as partes do mundo, inclusive no Brasil, à medida que as economias entrarem em recessão (2020–2022), se recuperarem (2023–2025) e depois voltarem a crescer (2025–2030), espera a PwC.

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A quantidade de recursos necessários para viabilizar a transição para fontes de energia mais limpas não estará disponível, ocorrendo uma pausa nesse processo. As economias em recessão vão buscar gastar menos, portanto, vão investir em fontes de energia que, nesse cenário, tendem a um menor custo.

A tendência é de que cresça a participação das energias renováveis na matriz energética ao longo do tempo, mas não será um processo rápido, levará décadas para que o petróleo e o gás deixe de ter o peso que tem mundialmente. No entanto, em algumas regiões o ritmo da transição será mais acelerado, por escala ou por vocação natural por determinada fonte, mas é importante destacar que em muitos países essa transição será mais lenta por conta da pandemia”, afirma Jaime Andrade, sócio da PwC Brasil.

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