Lojas de moda e eletro não recuperaram postos de trabalho da pré-pandemia

Na contramão, supermercados e farmácias expandiram números de vínculos formais desde o fim de janeiro de 2020, diz Fecomércio-SP

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Não há vagas (Foto: J.C.Cardoso)
Não há vagas (Foto: J.C.Cardoso)

O varejo de roupas e calçados, eletrodomésticos (e equipamentos de áudio e vídeo) e lojas de departamento são os segmentos que mais perderam mão de obra no Estado de São Paulo desde a pandemia de covid-19, como mostra um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).

Para se ter uma ideia, só o varejo de vestuário perdeu cerca de 11,4 mil postos formais de trabalho entre janeiro de 2020, antes da crise sanitária, e o registrado no fim do mesmo mês deste ano. Os estabelecimentos de eletrodomésticos, por sua vez, registraram 7,4 mil vínculos a menos, enquanto as lojas de departamento apontaram retração de 5,9 mil.

Pelos dados compilados pela federação, dos 78 segmentos que conformam o varejo paulista, 16 apresentaram, no fim de janeiro de 2025, um volume de trabalhadores e trabalhadoras menor do que no início de 2020.

Segundo a entidade, os números são efeitos diretos dos impactos e das transformações que esses segmentos tiveram no período da pandemia, quando precisaram lidar não apenas com a ausência quase total de consumidores em modalidade presencial – por causa das políticas de restrição de mobilidade -, mas também com o próprio fechamento das portas em alguns momentos mais críticos. Em 2020, por exemplo, o volume de vendas do varejo de tecidos, vestuário e calçados de São Paulo caiu 28%, de acordo com o IBGE.

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Além disso, no caso específico das lojas de roupas e acessórios, a forte onda de desligamentos no primeiro ano da crise sanitária, com um saldo de vínculos negativo em 15,6 mil postos celetistas, ainda não foi totalmente recuperada.

Na contramão desse fenômeno, os supermercados e as farmácias foram os setores que mais cresceram em número absoluto de vagas nos últimos cinco anos, como mostram os dados da Fecomércio-SP. Juntos, os supermercados e os minimercados e mercearias têm, hoje, um saldo de vínculos positivo de 58 mil novos postos de trabalho em relação àquele período. As farmácias, por sua vez, têm 21 mil vagas a mais.

“A explicação, neste caso, é mais óbvia: o varejo de alimentos e bebidas avançou durante a crise sanitária, já que, com as restrições em vários outros setores da economia, as famílias direcionaram os gastos em bens essenciais – até porque tiveram que ficar mais tempo em casa. Foi por isso que, juntando os segmentos de supermercados e hipermercados, o crescimento anual acumulado segue alto desde o primeiro ano da pandemia de Covid-19: em 2020, por exemplo, aumentaram o seu volume de vendas em 5,2%. No ano seguinte, a alta foi de 1,8%, e, em 2022, de 2,5%. Nos dois últimos anos, então, novas receitas em expansão: 2,5%, em 2023, e 3,7%, em 2024”, diz o estudo.

Segundo a Fecomércio-SP, dados como esses reforçam como a pandemia alterou a estrutura de consumo do país, já que muitos hábitos de compra dos brasileiros foram alterados. Os supermercados, líderes em número de novas vagas desse período pós-pandêmico, cresceram, ao passo que o varejo de roupas de acessórios foi o mais impactado – sem chances ainda, importante dizer, de que a recuperação se efetive em 2025, mesmo com as sazonalidades do ano.

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