Lá & cá

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Tratada internamente a pontapés pelo governo e pela mídia antinacional, a Petrobras continua sendo mais reconhecida no exterior que no Brasil. Esta semana, o executivo de uma grande empresa francesa petrolífera protestava contra a estatal brasileira, reclamando que ela era “muito dura” nas negociações com seus fornecedores. Para exemplificar essa disposição, ele dizia que, durante a crise cambial que se seguiu à desvalorização do dólar, em janeiro 1999, a Petrobras se recusou a sancionar a disparada da moeda norte-americana na hora de quitar suas dívidas. Apesar disso, nenhuma das cerca de cem fornecedoras ousou enfrentar a estatal no Judiciário. Vindo de quem vem, não poderia haver maior elogio.

Imensa capacidade
O “Rei do futebol” e “Atleta do século”, Edson Arantes do Nascimento, Pelé, falou ontem sobre a crise de energia: “Mais uma vez o povo irá pagar por erros de técnicos. O governo federal, há três anos, já tinha sido orientado que isso iria acontecer. E a população é quem está pagando”, comentou, acrescentando que trabalhou cinco anos com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no ministério. “Ele é uma das melhores pessoas que existem. É um presidente com imensa capacidade”. De quê?

De fora
Cícero Firmino da Silva, o Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, definiu a greve na Philips contra demissões como o primeiro conflito globalizado que o sindicato enfrentou na região. “Todas as decisões eram tomadas na matriz, na Holanda, e repassadas para o RH, sem autoridade e sem autonomia de negociação dentro da fábrica da Philips de Capuava, em Mauá”, diz Martinha. Foram 210 demissões, mas a empresa planejava dispensar 330 funcionários, segundo o sindicato, que conseguiu alguns benefícios extras para os demitidos - 1,5 salário a mais para cada e manutenção do convênio médico por seis meses para os trabalhadores com dependentes -, além de estabilidade de três meses para os remanescentes. Martinha acusou a Philips de fazer demissões no Brasil enquanto vende aqui lâmpadas econômicas importadas do México, China e Polônia.

Alca
A indústria finalmente começa a se mexer em defesa dos interesses brasileiros ameaçados pela Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O II Seminário Alca: Riscos do Presente, Metas do Futuro, promoção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), com apoio da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, terá como nomes de destaque o economista Paulo Nogueira Batista Júnior e o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães – dois respeitados críticos ao acordo. O seminário será amanhã, em Brasília, no Auditório da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal.

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“Unpaid”
Em matéria sobre o acordo do Brasil com o FMI, o Financial Times, bíblia do setor financeiro internacional, admite: “Se a dívida, atrelada ao dólar ou aos juros, crescer muito em relação ao PIB, isso levará inevitavelmente a uma reestruturação dessa dívida, o que seria um assunto explosivo em um ano eleitoral”.

Fenacor
A eleição na Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) vive clima de expectativa, que pode afetar a até então certa reeleição do seu presidente, Leôncio de Arruda. Isso porque, ainda não existe consenso com relação ao nome que ocupará a primeira vice-presidência. Vários sindicatos da classe (Sincors) disputam a indicação.

Trevas para sempre
A elevação da meta de superávit primário (exclui gastos com juros) para 3,35% do PIB para este ano, como nos impõe o novo acordo com o FMI, significa uma economia de cerca de R$ 40 bilhões. Esse total corresponde a 72% dos R$ 55 bilhões (5% do PIB) que o país precisa investir por ano para crescer 1% anualmente. Na prática, significa contratar quase um apagão por ano.

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