Mesmo sem fazer parte do comitê de campanha de Serra, o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, sustentou que a taxa de desemprego no país está caindo. Mais: acrescentou que o nível de desemprego no Brasil seria um sonho para os países europeus. Igualmente um sonho, para os trabalhadores brasileiros que ainda mantêm seus empregos, seria receber os salários dos europeus; e para os desempregados – ao contrário do que disse o ministro, contingente que aumenta a cada ano de governo FH – cairia bem os mesmos benefícios sociais que a Europa oferece.
Mais do mesmo
Muitos analistas, e mesmo candidatos mais ingênuos, têm elogiado a cobertura da imprensa sobre as eleições. Boa parte desses salamaleques se sustenta no suposto espaço igualitário que a mídia estaria destinando aos quatro candidatos mais bem classificados nas pesquisas eleitorais. Longe de uma mudança de posição, trata-se de uma readaptação de estratégia.
Pela primeira vez desde 1989, o candidato favorito da imprensa “chapa branca” larga atrás – muito atrás – antes do início do horário eleitoral. Desde modo, diferentemente de 1994 e 1998, quando, somadas as duas eleições, FH participou de um único debate eleitoral, marcado antes de ele ultrapassar Lula nas pesquisas, o aumento da exposição dos candidatos é uma necessidade indispensável para tentar dar algum fôlego ao candidato oficial.
O desgaste produzido por distorções grosseiras, como a edição do debate Lula/Collor, obrigou a imprensa a deslocar seu enquadre da distribuição formal de tempo para os temas que pautam a campanha. Desde modo, todos candidatos têm o mesmo tempo, desde que destinados a reproduzir a mesma opinião, com variações irrelevantes, sobre a manutenção da essência da desastrosa política econômica, justamente a principal responsável pela claudicante posição do candidato oficial na disputa eleitoral.
Mais importante do que o futuro eleito é, portanto, a determinação da agenda que, parafraseando Ciro Gomes, o novo presidente terá de manejar. O que, na prática, torna as eleições assim praticadas pouco mais que uma formalidade destinada a naturalizar políticas econômicas de baixa densidade popular e eleitoral.
Agenda
O professor Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001 e professor da Columbia University, fará uma conferência no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na quinta-feira, às 16h. Stiglitz, que foi economista-chefe do Banco Mundial (Bird), virou um crítico dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI). A palestra, com o tema “Reforming the Reformers: A New agenda for Latina America”, será no Salão Pedro Calmon, no Campus da Praia Vermelha (Av. Pasteur, 250 Urca – Rio de Janeiro/RJ). Mais informações através dos telefones (21) 3873-5237/5271 (Anna Lúcia e Maria José).
Debate
O Clube de Engenharia promove amanhã, às 17h30, debate com a governadora Benedita da Silva, candidata à reeleição pelo PT. O evento será realizado no auditório do 20º andar do Clube (Av. Rio Branco, 124, Rio de Janeiro-RJ). Já se apresentaram no mês de agosto os candidatos Solange Amaral (PFL), Jorge Roberto Silveira (PDT), e Rosinha Garotinho (PSB).
Oops
Na última sexta-feira esta coluna, ao mencionar nota distribuída pela Frente Trabalhista, colocou o deputado Walfrido Mares Guia na presidência do PTB; ele é coordenador da campanha de Ciro.
Terceira onda
Sem querer reivindicar lugar na diretoria do sindicato dos videntes, esta coluna lembra nota, publicada no dia 31 de julho, em que levantava a possibilidade de Ciro ter atingido sua melhor colocação nas pesquisas e cair, a partir das denúncias orquestradas pela mídia pró Serra; e completava, dizendo que ele poderia ceder espaço para Garotinho. Acrescenta-se agora um P.S.: as chances do ex-governador do Rio chegar ao segundo turno estão no mesmo grau que seu nome.