O preço negociado pela Petrobras para a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) e seus ativos logísticos associados, em Fortaleza (CE), à Grepar Participações Ltda., por US$ 34 milhões, representa ao menos 55% do seu valor em comparação com os cálculos estimados em estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
É a quarta refinaria da Petrobras de oito ativos colocados à venda pela estatal no compromisso firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2019, para abertura do mercado de refino no país. O consultor da área de petróleo e gás Paulo César Ribeiro Lima, em audiência no Senado na terça-feira, afirmou que as refinarias estão em um momento de alta lucratividade em todo o mundo e que a venda que tem sido feita pela Petrobras é indefensável.
A Lubnor é uma das líderes nacionais na produção de asfalto e a única no país a produzir lubrificantes naftênicos de usos nobres.
De acordo com os parâmetros utilizados pelo Ineep, a refinaria localizada no Ceará está avaliada com um valor mínimo, pelas projeções cambiais mais elevadas deste ano, de US$ 62 milhões, quase o dobro do valor negociado pela estatal com o potencial. O estudo informa que a Lubnor tem um potencial importante de geração de caixa futura, o que, pelas premissas que o Ineep considera adequadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda.
Para realizar o valor da Lubnor, o Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro. Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidades adicionais de giro.
Este fluxo de caixa é calculado tanto para a empresa como para o acionista. Trata-se de um modelo de cálculo que apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo, por isso, o mais indicado e adotado na avaliação de empresas.
Cenários da Lubnor
O estudo se baseia em dois cenários-base, considerando um piso cambial de US$ 5,08 e um pico de US$ 5,70. Essa faixa foi adotada em função da alta volatilidade cambial da economia brasileira no cenário de negociação do ativo. A partir desses dois cenários, e baseando-se nesse piso e pico cambial, o estudo conclui que a refinaria pode valer de US$ 62 milhões a US$ 70 milhões.
No entanto, como a Petrobras não apresenta valores “isolados” de cada refinaria, para estimar as receitas e despesas da Lubnor, o Ineep fez um “rateio” dos dados disponibilizados pela empresa. Ou seja, esse valor pode variar, dependendo das despesas efetivas da refinaria. Além disso, deve-se considerar que as receitas podem variar em função das premissas adotadas para determinar o preço de petróleo utilizado no cálculo da geração de caixa futuro. Todavia, mesmo considerando variações, o Ineep não observou nenhum cenário em que o preço do ativo estivesse no valor vendido pela Petrobras.
Em relação às receitas da Lubnor, foram levadas em conta a produção dos derivados da refinaria, a capacidade de produção, entre outras informações. Para definir a premissa de nível de produção e preço da carga fresca processada da refinaria, foram utilizadas na projeção futura as informações trimestrais da Petrobras desde 2019. Já em relação às despesas, o Ineep realizou o “rateio” para Lubnor a partir dos dados disponíveis de custo de produção e refino, bem como das despesas administrativas do mesmo período.
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