Lucro da saúde privada mais que dobrou no 1º trimestre de 2025

Sinistralidade cai para patamar recorde; ANS revela demandas judiciais: 62% se referem a procedimentos que deveriam ser cobertos

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Planos de saúde
Plano de saúde (foto divulgação)

Informações contábeis enviadas pelas operadoras de planos de saúde e pelas administradoras de benefícios à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) demonstram que o setor registrou, no 1° trimestre de 2025, lucro líquido de R$ 7,1 bilhões (aumento de 114% em relação aos R$ 3,3 bilhões obtidos no mesmo período do ano anterior). O resultado é recorde para primeiros trimestres desde o início da série histórica, em 2018.

O resultado do trimestre equivale a aproximadamente 7,7% da receita total do período, que foi aproximadamente R$ 92,9 bilhões. Ou seja, para cada R$ 100 de receitas, o setor auferiu cerca de R$ 7,70 de lucro ou sobra. Os dados foram divulgados pela agência reguladora nesta terça-feira. As informações estão disponíveis no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, que permite a consulta por trimestre desde 2018.

A remuneração das aplicações financeiras acumuladas pelas operadoras médico-hospitalares, que totalizaram R$ 128 bilhões no final de março de 2025, continua a contribuir fortemente com a composição do seu resultado líquido total. Num cenário de crescimento da taxa de juros básica da economia, o agregado do resultado financeiro foi positivo em R$ 3,6 bilhões no 1° trimestre de 2025, aumento de 58,6% em relação ao mesmo período do ano anterior – recorde da série histórica.

Quase oito (78,3%) em cada dez operadoras reguladas pela ANS (606 no total) terminaram o 1º trimestre com lucro líquido (3,3 pontos percentuais acima do mesmo período do ano anterior). As operadoras médico-hospitalares – que são o principal segmento do setor – somaram um lucro líquido de R$ 6,9 bilhões.

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O desempenho deste segmento consolida a recuperação do resultado operacional – ligado às suas atividades diretas – com saldo positivo de R$ 4,4 bilhões na diferença entre as receitas e despesas diretamente relacionadas às operações de assistência à saúde, maior patamar da série histórica.

Resultado líquido planos de saúde no primeiro trimestre de 2025 (gráfico ANS)
Fonte: ANS

Esse crescimento do resultado operacional se deu de forma expressiva nas cooperativas médicas, medicinas de grupo e seguradoras especializadas em saúde. As autogestões foram a única modalidade que apresentou prejuízo operacional: quase 0,5 bilhão (55% a mais que no mesmo período do ano anterior).

De acordo com o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras, Jorge Aquino, o desempenho do setor no 1º trimestre de 2025 evidencia a consolidação da recuperação do resultado operacional. “Os dados demonstram a consolidação da recuperação do resultado operacional das operadoras, especialmente das médico-hospitalares, que atingiram o maior patamar da série histórica. Esse desempenho reflete não apenas uma recomposição de receitas, mas também um movimento importante de equilíbrio nas despesas assistenciais. Nosso compromisso segue sendo o de fornecer informações cada vez mais qualificadas e acessíveis para toda a sociedade”, declarou.

As operadoras médico-hospitalares de grande porte foram responsáveis pelo melhor desempenho no setor, registrando, em números agregados, R$ 5,5 bilhões de lucro líquido no 1° trimestre de 2025, (131% a mais que o mesmo período do ano anterior). Ainda que em proporção um pouco menor, os demais portes também tiveram crescimento expressivo.

O resultado líquido é a soma dos resultados operacional, financeiro e patrimonial, acrescidos do efeito de impostos e participações.

Sinistralidade é a menor da história

A sinistralidade, principal indicador que explica o desempenho operacional nas operadoras médico-hospitalares, registrou, somente no 1° trimestre de 2025, o índice de 79,2% (3,3 pontos percentuais abaixo do apurado no ano anterior), o que indica que em torno de 79,2% das receitas advindas das mensalidades são utilizadas com as despesas assistenciais. Esta é a menor sinistralidade registrada em um 1° trimestre na série histórica iniciada em 2018.

A redução da sinistralidade nos números agregados é explicada principalmente pela recomposição das mensalidades em proporção superior à variação das despesas assistenciais, movimento percebido no setor desde 2023 e mantido no período observado.

Despesas judiciais aumentam, mas demandas estão no contrato

Nesta edição do Painel, a ANS passa a disponibilizar um quadro específico com os valores de despesas judiciais que as operadoras informam em seus balancetes, além de um novo gráfico que traz a relação entre resultado e patrimônio líquidos, ampliando o conjunto de indicadores disponíveis para a análise contábil.

Jorge Aquino acrescentou que a possibilidade de registrar essas despesas é recente e que sua divulgação contribui para aprimorar o entendimento dessas contas e para a melhoria contínua da qualidade das informações contábeis disponíveis, tanto para as operadoras quanto para a ANS.

O total de despesas de judicialização (considerando a série de 12 meses) evoluiu de R$ 1,2 bilhão, ou 0,65% dos eventos indenizáveis (despesas assistenciais) no 1° trimestre de 2020 para R$ 3,9 bilhões, ou 1,49% dos eventos indenizáveis no 1° trimestre de 2025.

Além disso, é possível segregar a natureza da despesa de judicialização. Para o 1° trimestre de 2025, 62% das despesas tiveram origem em ações classificadas pelas operadoras como as que visavam procedimentos que deveriam ter sido cobertos pelos contratos de planos de saúde, enquanto 38% tiveram origem em ações relacionadas a demandas não previstas nos contratos de planos de saúde.

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