Os lucros dos principais bancos com atuação no Brasil não param de crescer. De acordo com levantamento realizado pela Comdinheiro para o Monitor Mercantil, Itaú e Banco do Brasil lideram o ranking, com lucro anual de R$ 39,9 bilhões e R$ 31,9 bilhões, respectivamente, e a tendência é que sigam nesta direção para o próximo ano.
O crescimento expressivo dos resultados vem na esteira do aumento das tarifas bancárias. Entre janeiro e outubro deste ano, o setor financeiro aumentou suas tarifas em 8%, mais que o dobro da inflação do período (3,88%, segundo o IBGE), tendo sido responsável por quase a metade de toda a inflação do item “despesas pessoais” do IPCA, a inflação oficial do país.
“Observamos uma concentração bem interessante nos quatro principais conglomerados – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander – em termos de ativos, mas já se vê um BTG acompanhando em lucratividade esses bancos. O BTG, com lucro acumulado na casa de R$ 11 bilhões nos últimos 12 meses, já vem encostando em Santander e Bradesco neste período, e isso é interessante porque é um banco que não tem origem no varejo e vem despontando com esse resultado”, avalia Filipe Ferreira, diretor da Comdinheiro.
Bem mais novo – a operação como banco começou em 2019 – o Banco XP também apresentou lucro expressivo: mais de R$ 4 bilhões nos últimos 12 meses. Também novato, mas oriundo do varejo digital, o NU lucrou R$ 9,7 bilhões.
Para Filipe, o Bradesco deveria ter um tamanho próximo de Banco do Brasil e Itaú, mas vem sofrendo, um pouco, com os seus resultados. “Ainda muito positivo, ainda um banco lucrativo, mas se distanciando da taxa de 20% de ROI, que a gente costuma ver de BB e Itaú.”
Esses dois bancos estão “nadando de braçada, tanto mantendo posição como grande banco, mas não só tendo essa grande posição em termos de ativos, mas convertendo isso em termo de rentabilidade. Ambos passando dos R$ 30 bilhões de lucro anual, e Itaú encostando em R$ 40 bilhões em 12 meses. E coloca esses bancos em patamares de grandes bancos globais”, afirma Ferreira.
“No segundo pelotão tem dados interessantes, especialmente o Banco da Amazônia trazendo resultado bem robusto, bem consistente”, complementa.
Ativos e lucros de alguns bancos brasileiros
Código Bolsa | Empresa | Ativo total (R$ bilhões) | Lucro líquido 12 meses (R$ bilhões) |
ITUB4 | ItaúUnibanco* | 2.783,43 | 39,95 |
BBAS3 | Banco do Brasil* | 2.436,40 | 31,97 |
BBDC4 | Bradesco* | 2.017,70 | 14,82 |
SANB11 | Santander* | 1.228,93 | 11,43 |
BPAC11 | BTG** | 518,83 | 11,39 |
US:XP*** | XP Inc. | 316,40* | 4,38 |
US:NU*** | NU Holdings Ltd.* | 264,98 | 9,70 |
BRSR6 | Banrisul* | 142,41 | 0,80 |
ABCB4 | ABC Brasil** | 69,21 | 0,96 |
BPAN4 | Banco Pan* | 65,18 | 0,63 |
BSLI4 | BRB** | 52,97 | 0,17 |
BAZA3 | Banco da Amazônia** | 52,57 | 1,30 |
Instituições selecionadas – IFRS (exceto quando indicado) – 12 meses – Data da demonstração: 30/9/2024 – Data da análise: 22/11/2024
* consolidado ** controlador *** US GAAP – Elaboração: Comdinheiro
Lucros devem crescer mais
Milton Rabelo, analista da VG Research, considera que, de forma geral, os resultados referentes ao terceiro trimestre dos principais bancos brasileiros foram positivos, apesar de algumas teses apresentarem alguns pontos de atenção.
“Para 2025, Santander e Bradesco devem continuar apresentando uma evolução em seus resultados, até pelas suas bases de comparação ainda muito deprimidas. O cenário-base é que o Itaú siga numa dinâmica de resultados muito forte, ao passo que existem algumas incertezas sobre os futuros resultados do Banco do Brasil, em função dos desafios enfrentados pelo agronegócio”, analisa Rabelo.
“Eventos climáticos e volatilidade nas cotações de algumas commodities têm pressionado as PDDs do Banco do Brasil, porém, em algum momento, provavelmente, esses problemas serão superados, o que possibilitará mais clareza sobre os futuros resultados do banco estatal, que ainda tem apresentado números positivos”, afirma o analista.
“Em relação aos neobanks como Inter e Nubank, no nosso cenário-base, haverá robusto crescimento de lucros em 2025, especialmente em relação ao Nubank”, considera Rabelo.
Por Gilmara Santos, especial para o Monitor