Lucros siderais

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O cinismo dos dirigentes da Enron, que pilotaram um dos maiores escândalos financeiros do mundo, atingiu a órbita estelar. Quatro empresas fantasmas criadas pela multinacional para maquiar o balanço se inspiraram em nomes de personagens do filme Guerra nas Estrelas: Jedi LP, Kenobe Inc., Obi-1 Holdings LLC e Chewco Investments LP. George Lucas, autor da recordista série do cinema, não gostou da história. “Até o caso ser divulgado pela imprensa, a Lucasfilm ignorava o uso de suas marcas registradas pela Enron. Tais nomes foram usados sem sua permissão”, afirma um documento no sítio de George Lucas na Internet.

Culpados
Uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Sensus, ligado ao PFL, para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), apurou que a própria população brasileira se culpa pelo avanço do surto de dengue no país. A maior parte dos entrevistados disse que a culpa é dos moradores (38,6%) ou de toda a sociedade em geral (34,3%). O Ministério da Saúde vem depois, com 11%, seguido pelas prefeituras, com 6,5%. Outros 5% dos entrevistados disseram que não existem culpados porque a dengue é um fator natural, enquanto que 1,2% culparam os governos estaduais. Uma das conclusões do presidente da CNT, Clésio Andrade, é que o ex-ministro da Saúde e presidenciável tucano, o senador José Serra (PSDB-SP), não está sendo considerado o grande culpado pelo surto de dengue. Ainda.

Gato
De acordo com uma pesquisa sobre roubo de energia, realizada pela Fundação Getúlio Vargas em meados de 2001, cerca de 2% da população de classe alta no Rio usam energia roubada. Este número aumenta para 6% na classe média alta e para 41% em favelas. As perdas totais da Light com roubo de energia chegam a R$300 milhões por ano. Uma redução nas tarifas faria melhor para mudar esse quadro do que mil campanhas e policias nas ruas. Ajudaria também nas contas da empresa a redução do desperdício, perdas causadas não por furto, mas por falhas na distribuição.

Importando o risco
Muitos dos gigantes de mídia dos Estados Unidos e do Canadá, cujos nomes são ventilados como interessados em investir no setor no Brasil, acumulam em suas carteiras grande número de papéis podres. A advertência é do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal,  que critica a aprovação, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, da emenda constitucional que autoriza grupos estrangeiros a deterem até 30% de empresas de comunicação nacional, além de permitir que pessoas jurídicas detenham a propriedade de companhias do setor.

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Lá & cá
Antes de liberar unilateralmente o mercado brasileiro para empresas estrangeiras de comunicação, os parlamentares brasileiros deveriam fazer um estudo de caso sobre o jornal sueco Metro. Com escritórios em 14 países europeus, o periódico viu barrada, no seu segundo número, sua pretensão de se instalar na França. Jornalistas e sindicalistas de Marselha e Paris acusaram a publicação sueca de praticar dumping, por ser distribuída gratuitamente. Uma das razões é o baixo custo da publicação, que se limita a reproduzir informações de agências internacionais.
O Metro também capotou na sua pretensão de se instalar, ano passado, no Brasil, devido à proibição constitucional de estrangeiros controlarem empresas de comunicação. Com a eventual mudança da lei, os suecos poderiam fazer aqui, o que não podem na França. Não deixa de ser uma boa síntese da concepção de Primeiro Mundo do tucanato.

Canelada
Nos seus tempos de cronista, Nelson Rodrigues somente colocava uma categoria abaixo do desprezo devotado pelas granfinas de narinas em pé ao futebol: os sociólogos. Se vivo, talvez acrescentasse outra: presidentes da República, cuja bola quadrada que jogam em seus governos está mais para o papel desempenhados pelos cartolas do que para torcedores de oportunidade que chutam bolas levantadas pela subserviência dos que insistem em se apresentar como jornalistas.

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