Lula: acordo entre UE e Mercosul pode sair neste ano

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Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram, nesta segunda-feira, que a aproximação entre União Europeia, Mercosul e países caribenhos será fundamental para lidar com os “grandes desafios do nosso tempo”.

Segundo a líder da comissão europeia, esses desafios ficaram mais evidentes após a pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia e, em especial, à constatação cada vez mais evidente do quão “monumental” é o desafio com relação às mudanças climáticas. Encontro não ocorria há oito anos.

“Por isso dou boas vindas e saúdo o ressurgimento do Brasil como grande ator no cenário global. Isso vem em boa hora e já tem um bom impacto positivo para a parceria estratégica entre nossas duas regiões”, disse a presidente da Comissão Europeia.

Durante o encontro, o presidente brasileiro disse ter a esperança de concluir um acordo entre os blocos ainda em 2023. A líder europeia destacou que a aproximação entre os blocos ajudará a Europa a diversificar suas cadeias de abastecimentos. A preocupação da União Europeia é diminuir as dependências que tem com relação à Rússia e a China.

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“Queremos trabalhar de mãos dadas com vocês para lidar com os grandes desafios do nosso tempo. Queremos discutir como conectar mais nossos povos e empresas; reduzir riscos; como reforçar e diversificar cadeias de abastecimentos; e como modernizar nossas economias, de uma forma que reduza as desigualdades e beneficie a todos. Tudo isso é possível se conseguirmos concluir o acordo UE-Mercosul. Nossa ambição é resolver qualquer diferença que existe, o quanto antes”, discursou a presidente da Comissão Europeia.

Durante o encontro, o presidente brasileiro lembrou que a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e que o comércio entre o país e o bloco poderá ultrapassar, em 2023, a marca de US$ 100 bilhões.

“Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros”, disse. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também tem manifestado expectativa de os blocos concluírem um acordo comercial ainda no segundo semestre de 2023.

Segundo Lula, as compras governamentais são um “instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”, acrescentou ao lembrar que tanto EUA como União Europeia “saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”.

As exportações industriais brasileiras para os EUA atingiram o recorde de US$ 14,5 bilhões neste primeiro semestre de 2023, revela a mais recente edição do Monitor do Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA (Amcham Brasil). Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, o aumento foi de 4%, consolidando o mercado norte-americano como o principal destino das vendas externas brasileiras de bens industriais (17% do total exportado pelo Brasil). No mesmo período, os embarques desses itens do Brasil para o mundo caíram 0,1%.

“O desempenho das exportações industriais do Brasil para os EUA segue evoluindo em agregação de valor e volume, o que evidencia a importância da relação bilateral para a economia e para o setor produtivo brasileiros. Oito dos dez principais produtos exportados para os EUA são da indústria de transformação, em setores estratégicos como o siderúrgico, aeronáutico e de máquinas e equipamentos”, afirma Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, que reúne 3.500 empresas.

No total, as exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre de 2023 foram de US$ 17,2 bilhões, resultando em uma ligeira retração de 2,1% em relação ao ano anterior, muito influenciada pela queda das cotações internacionais de petróleo. Houve crescimento em valor de bens como semiacabados de ferro e aço (14,2%), aeronaves e suas partes (6%), equipamentos de engenharia civil (37,4%), celulose (20%) e sucos de frutas e vegetais (69,3%). Por outro lado, houve queda nas vendas de petróleo bruto (-34%), café não torrado (-32,3%) e madeira parcialmente trabalhada (-36,3%).

Já as compras brasileiras oriundas dos EUA tiveram redução de 21,5% no semestre, comparado ao mesmo período de 2022. Em valores totais, o resultado foi menor em US$ 5,3 bilhões, o que se explica preponderantemente pela redução nas compras de petróleo e derivados.

“A desaceleração das importações brasileiras vindas dos EUA esteve concentrada em três itens. Combustíveis, gás natural e petróleo bruto responderam pela diminuição em mais de US$ 6 bilhões de nossas compras. Fatores como a superação da crise hídrica no Brasil, que reduziu drasticamente a demanda por gás natural usado nas termelétricas, bem como os preços mais baixos de petróleo e derivados, justificam esse desempenho”, comenta Abrão Neto.

As vendas norte-americanas desses produtos caíram não apenas para o Brasil, mas no geral (-9% entre janeiro e maio, com queda entre sete dos 10 principais destinos de exportação).

Cinco entre os 10 principais produtos importados pelo Brasil dos EUA tiveram alta no primeiro semestre, incluindo motores e máquinas não elétricos (20,8%), polímeros de etileno (23,5%), aeronaves (7,2%), instrumentos e aparelhos de medição (24,8%) e elementos químicos inorgânicos (4,5%). A alta nas importações desses bens demonstra a importância em fortalecer as cadeias de fornecimento bilateral.

A corrente de comércio de bens entre os dois países no primeiro semestre de 2023 atingiu a segunda maior marca da série histórica, no total de US$ 36,9 bilhões, atrás apenas do valor alcançado no mesmo intervalo do ano passado (US$ 42,6 bilhões).

Com informações da Agência Brasil

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