Lula confirma conversa com EUA e elogia cordialidade de Trump

Itamaraty confirma reunião de chanceleres; data ainda não foi marcada

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Lula ao telefone (foto de Ricardo Stuckert, PR)
Lula ao telefone (foto de Ricardo Stuckert, PR)

O presidente Lula confirmou nesta quinta-feira as primeiras conversas com os EUA para negociar as tarifas impostas por Washington às exportações brasileiras e reconheceu ter ficado surpreso com a gentileza de Donald Trump durante sua recente conversa.

Lula revelou que o secretário de Estado Marco Rubio e seu colega brasileiro Mauro Vieira conversaram por telefone na quarta-feira

“Uma nova etapa está começando”, disse ele em uma entrevista à Rádio Piatã, da Bahia, na qual enfatizou que “o Brasil não quer brigar com os EUA”.

Nesta segunda-feira, as relações diplomáticas entre Washington e Brasília pareceram tomar um rumo diferente depois de meses em que ambos os líderes dedicaram todo tipo de reprovação e desprezo um ao outro, depois que Trump telefonou para Lula, que admitiu ter ficado surpreso com a “grande gentileza” demonstrada pelo americano.

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“Ele me ligou da maneira mais gentil que um ser humano pode tratar com outro”, disse Lula, que revelou ter instado o presidente Trump a tratar diretamente um com o outro e que ambos os países, como “as duas maiores democracias do Ocidente”, deveriam dar um exemplo ao resto do mundo com uma relação baseada na “cordialidade”.

Nessa conversa, Lula pediu a Trump que removesse as tarifas ou reduzisse as tarifas de até 40% que ele impôs às exportações brasileiras, que, juntamente com as aplicadas à Índia, são as mais agressivas. Ele também pediu a remoção das sanções impostas a funcionários brasileiros de alto escalão.

Marco Rubio e Mauro Vieira

O secretário de Estados dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, devem se encontrar em Washington, em breve, para tratarem sobre taxação extra aos produtos brasileiros exportados para aquele país.

Em comunicado, o Itamaraty informou que os dois conversaram nesta quinta-feira, por telefone.

“Após diálogo muito positivo sobre a agenda bilateral, acordaram que equipes de ambos os governos manterão reunião proximamente em Washington, em data a ser definida, para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”, diz a nota.

“O Secretário de Estado convidou o Ministro Mauro Vieira para que integre a delegação, de modo a permitir uma reunião presencial entre ambos, para tratar dos temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”, acrescenta o Itamaraty.

Lula e o presidente estadunidense, Donald Trump, conversaram por videoconferência na última segunda-feira e, segundo Lula, as negociações, agora, entram em um outro momento.

Os dois presidentes trocaram seus números de telefone para estabelecer uma via direta de comunicação e, também, devem se encontrar pessoalmente em breve.

Trump ainda designou Marco Rubio para dar sequência às negociações.

Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil vai oferecer os melhores argumentos econômicos para os Estados Unidos, para reverter o tarifaço ao Brasil. O principal deles, segundo o ministro, é que a medida está encarecendo a vida do povo estadunidense.

Haddad lembrou ainda que os Estados Unidos já têm superávit comercial em relação ao Brasil e muitas oportunidades de investimento no país, sobretudo voltado para transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar.

Tarifaço

O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada pelo presidente Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a relativa perda de competitividade da economia dos Estados Unidos para a China nas últimas décadas.

No dia 2 de abril, Trump impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação.

Como os EUA têm superávit com o Brasil, na ocasião, foi imposta a taxa mais baixa, de 10%.

Porém, em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo Trump, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022.

Entre os produtos tarifados pelos Estados Unidos estão café, frutas e carnes. Inicialmente, cerca de 700 itens (45% das exportações do Brasil aos EUA) como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes ficaram de fora da taxação.

Depois, outros produtos também foram livrados das tarifas adicionais.

Matéria editada às 21h08 para inserir informações sobre Marco Rubio e Mauro Vieira.

Com informações da Europa Press e da Agência Brasil

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