O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira que os valores repassados a áreas como educação e saúde não configuram gasto, mas investimento. “Para cada real que a gente investe na educação, tenho certeza, voltam milhares para os cofres desse país, para ajudar a gente a cuidar do povo”, disse o presidente durante evento na Universidade Federal do ABC, em São Paulo.
O presidente voltou a criticar o patamar atual da taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central. “Gasto é a gente pagar 13,75 [% ao ano] por juro para o sistema financeiro desse país”, disse. “Isso é gasto. O restante é investimento”, completou.
“Se a educação é a base de tudo, tomei a decisão de que, no nosso governo, quando se fala em fazer universidade, creche, escola, a gente não pode mais utilizar a palavra gasto. A palavra tem que ser investimento”, disse. Ele lembrou que não há, em todo o mundo, um país que cresceu e se desenvolveu sem antes investir na educação.
“É uma inversão que a gente precisa fazer. Para a elite dominante desse país, tudo que é benefício é gasto. Saúde é gasto. Ora, a saúde é um baita de um investimento. Todo mundo sabe o quanto custa uma pessoa doente aos cofres do Estado. E o quanto pode produzir, trabalhar e aprender uma pessoa que está com plena saúde.”
Pensada e erguida durante o seu primeiro mandato, a UFABC foi ressaltada por Lula. Neste período, no qual o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era titular da pasta da Educação, foram construídas 19 novas universidades em todo o país e mais de 400 institutos federais de educação. Nesta sexta, o presidente visitou laboratórios, encontrou a comunidade escolar e celebrou o fato de a Universidade ter, atualmente, 20 mil estudantes, selecionados em um processo inclusivo para diferentes grupos.
Acordo com União Europeia só se tirar abertura de compras do governo
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, que vem começou a ser negociado ainda na década de 1990, não será firmado caso os europeus não aceitam as condições do Brasil, garantiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira.
Uma das principais condições feitas pelo governo brasileiro é sobre a retirada da proposta da UE para que o Brasil abra a possibilidade de participação externa no setor de compras governamentais. Lula disse que cabe ao Estado brasileiro garantir a sobrevivência da indústria do país, valorizando o produto nacional.
“Os que os europeus querem no acordo? Que o Brasil abra as portas para compras governamentais. Ou seja, eles querem que o governo brasileiro compre as coisas estrangeiras ao invés das coisas brasileiras. E se eles não aceitarem a posição do Brasil, não tem acordo. Nós não podemos abdicar das compras governamentais que são a oportunidade das pequenas e médias empresas sobreviverem nesse país”, disse Lula
“Eu adoro que o Brasil participe do comércio mundial, eu adoro que o Brasil mantenha uma relação com todos os países. Mas, em se tratando de negócio, eu prefiro fazer negócio com os brasileiros para fortalecer a indústria nacional”, acrescentou Lula.
O presidente fez as afirmações durante a em inauguração da nova linha de produção da fábrica da Eletra, empresa 100% brasileira de produção de veículos elétricos, criada por uma empresária brasileira e presidida pela filha dela.