O presidente francês Emmanuel Macron descreveu nesta quinta-feira como histórico o acordo de paz para a Faixa de Gaza acordado entre Israel e o Hamas, que colocará fim a “dois anos de sofrimento insuportável” para os reféns mantidos pela milícia e para os palestinos no enclave.”É um dia crucial para os povos israelense e palestino, bem como para o Oriente Médio e todos aqueles que apoiam a paz e a segurança na região”, ressaltou Macron após presidir uma reunião na capital, Paris, com líderes europeus e regionais sobre o plano de 20 pontos de Donald Trump, parando para explicar a importância de cada um deles.
O presidente francês reconheceu que a paz “é frágil”, embora tenha ressaltado que os líderes presentes em Paris estão comprometidos em apoiar um acordo que ele descreveu como “ambicioso”, baseado em “governança, segurança, ajuda humanitária e reconstrução” dos territórios palestinos.
Macron disse que o desmantelamento das capacidades de armamento do Hamas “é um passo essencial para um cessar-fogo duradouro” e que o Hamas deve cumprir suas promessas de libertar os reféns. “É necessário resolver a governança de Gaza, excluindo completamente o Hamas, mas integrando totalmente a Autoridade Nacional Palestina”, explicou.
Para isso, o presidente francês pediu ajuda à ANP (que está em grave crise financeira) para fortalecer “sua capacidade de governar, fornecer serviços essenciais e garantir a segurança” no território.
“A liberação imediata das receitas da Autoridade Nacional Palestina também é um pré-requisito para garantir a sustentabilidade do plano dos EUA, e esse é um ponto do qual devemos convencer a todos nas próximas horas e dias”, disse ele.
Macron também lembrou que a unidade de Gaza e da Cisjordânia pela ANP “não deve permanecer em um horizonte vago”, mas que deve haver uma “transição com um cronograma claro”, aludindo ao fato de que o acordo deve estabelecer as bases para a autodeterminação e a criação de um Estado palestino.
“A expansão dos assentamentos na Cisjordânia constitui uma ameaça existencial ao Estado da Palestina. Não é apenas inaceitável e contrária ao direito internacional, mas alimenta tensões, violência e instabilidade”, disse ele, acrescentando que isso contradiz o plano de Trump.
Por outro lado, ele agradeceu aos aliados europeus que expressaram seu apoio à força internacional de estabilização para Gaza. “Muitos países expressaram sua vontade de se juntar a esse esforço, mas também de ter uma estrutura aprovada pelas Nações Unidas”, disse ele.
Em outra parte de seu discurso, ele deixou claro que a ajuda humanitária deve ser entregue por meio de agências da ONU, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de outras “organizações humanitárias independentes, em total conformidade com o direito internacional”, por todos os canais possíveis.
A reunião em Paris contou com a presença dos ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Itália, Jordânia, Catar, Reino Unido e Turquia, além da alta representante da União Europeia para Política Externa, Kaja Kallas.
O grande ausente foi o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Kallas pede que missões civis da UE sejam retomadas
Kaja Kallas valorizou o “grande passo adiante” para a paz em Gaza que representa o acordo entre Israel e o Hamas para a primeira fase do plano de Trump, e defendeu a retomada das missões civis da UE na Palestina para contribuir com a estabilidade na região.
“Esta primeira fase do acordo de Gaza é um passo importante para a paz. É claro que devemos planejar o futuro e é para isso que estamos aqui. Para que qualquer plano funcione, também é necessário o apoio internacional e a UE está pronta para desempenhar seu papel”, disse.
Kallas ressaltou que o pacto entre Israel e o Hamas para tomar as medidas previstas no plano de Trump é “a melhor oportunidade” para progredir na paz, e é por isso que ele valorizou a reunião de Paris para que a comunidade internacional dê apoio à situação em Gaza. “Esta é a primeira fase, e todos nós saudamos a libertação dos reféns, mas devemos trabalhar no plano subsequente para torná-lo sustentável”, alertou.
Com relação ao papel que a UE pode desempenhar na força internacional para estabilizar a Faixa após a retirada do exército israelense, a chefe da diplomacia europeia evitou indicar se haverá uma presença europeia, mas insistiu na intenção de retomar as missões civis que a União Europeia tem no ponto de passagem de Rafah e na Cisjordânia para contribuir com os esforços de paz.
“O plano é redistribuir as duas missões que já temos. Se precisarmos mudar o mandato ou estendê-lo, estamos prontos para discuti-lo”, disse a alta representante sobre o papel que essas missões poderiam ter no futuro da Palestina, sem levantar no momento a criação de uma nova operação europeia.
Com informações da Europa Press
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