Abril teve 63 milhões de brasileiros com contas em atraso

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Fatura a pagar (Foto: J.C.Cardoso)
Fatura a pagar (Foto: J.C.Cardoso)

O total de brasileiros com contas em atraso chegou a 63 milhões em abril de 2021, uma alta de 0,7% com relação ao mês anterior. 2021 já acumula 1,6 milhão de pessoas que deixaram de pagar suas dívidas e acabaram sendo negativadas, sendo que este é o terceiro aumento do índice no ano. O total de devedores em abril de 2021 ainda é o maior desde agosto de 2020, com 39,5% da população adulta nesta situação. No comparativo com abril de 2020, quando houve o recorde da série histórica de inadimplentes, houve queda de 4,4%.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, explica que a redução do auxílio dado pelo governo e o alto número de desempregados são alguns dos fatores que contribuem para essa tendência de alta, que deve continuar nos próximos meses. “Além desses pontos, os aumentos das taxas de juros e da inflação comprometeram a renda da população. As pessoas tiveram que priorizar os pagamentos, o que acabou deixando pendências pelo caminho”, comenta.

Os setores que apresentaram maior crescimento no acumulado de dívidas são o de utilities (água, luz e gás) e financeiro, junção de bancos e cartões com as financeiras. Estas, inclusive, foram as que mais cresceram entre março e abril deste ano – 0,7 ponto percentual.

Já segundo análise da Boa Vista, a taxa de inadimplência das pessoas físicas com recursos livres subiu 0,03 pontos percentuais em abril na comparação mensal e encerrou o período em 4,14%, segundo dados do Banco Central divulgados na última sexta-feira. Antes disso, o indicador de Registros de Inadimplentes da Boa Vista já havia apontado alta na comparação mensal dos dados dessazonalizados entre os meses de abril e março.

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Na avaliação dos economistas da Boa Vista, a segunda alta consecutiva na taxa de inadimplência reforça uma tendência que já era esperada. Resta saber se a alta será rápida ou não. A retomada do programa de auxílio emergencial no mês de abril e a antecipação do 13º salário de aposentados podem ajudar a conter uma brusca elevação na taxa de inadimplência. Por outro lado, o aumento na taxa de desemprego tende a pressionar a inadimplência para cima, dado que, segundo o IBGE, a taxa atingiu 14,7%, o maior nível desde o início da série histórica, iniciada em 2002.

A taxa de juros também subiu, de 40,91% para 41,02%, devido ao aumento no custo de captação, que passou de 6,50% para 6,99%, enquanto o spread bancário reduziu de 34,41 para 34,03 pontos percentuais. O aumento no custo de captação não surpreende, dado que a taxa básica de juros, Selic, está subindo. Por sinal, as projeções mais recentes indicam uma Selic a 5,50% no final do ano, embora algumas casas já começaram a apostar numa taxa ainda maior, de 6,5%, dado que a inflação não demonstra sinais de enfraquecimento. O IGP-M, por exemplo, subiu 4,10% em maio e, em 12 meses, acumula alta de 37,04%, de acordo com os dados da FGV publicado hoje. Além disso, o aumento esperado para a inadimplência também tende a puxar o spread para cima ao longo do ano.

Por fim, na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, a concessão de crédito de recursos livres às famílias entrou em campo positivo passando de -4,05% para +0,08%. A curva da concessão desacelerou ao longo do último ano, passando de 14,7% em março de 2020 para -4,4% em fevereiro de 2021. Nos dois últimos meses, porém, foi observada uma inflexão da curva, dado, também, que a base de comparação é fraca em função da crise.

Os dados divulgados pelo Banco Central confirmam, por ora, mudanças nas tendências de inadimplência, juros e concessão de crédito.

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