Mais de 60% dos bares e restaurantes no Rio não tiveram lucro em julho

Para Abrasel, endividamento segue como motivo de alerta para o setor; segundo Cielo, faturamento do varejo como um todo caiu 0,2% em agosto

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Barzinho vazio (Foto: Tomaz Silva/ABr)
Barzinho vazio (foto de Tomaz Silva, ABr)

De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio de Janeiro (Abrasel-RJ), realizada entre os dias 19 e 26 de agosto, 65% dos bares e restaurantes no estado não obtiveram lucro no mês de julho. Dos estabelecimentos entrevistados, 28% registraram prejuízo e 37% operaram em equilíbrio financeiro, enquanto apenas 35% conseguiram lucrar.

O levantamento aponta também mostrou que, para 32% dos estabelecimentos, o faturamento de julho foi superior ao de junho; para 34%, o resultado foi equivalente, e 32% registraram queda. Entre os principais fatores que contribuíram para os prejuízos estão a queda nas vendas e a redução no número de clientes, apontados como as maiores causas pelos empresários.

Outro dado relevante é que 47% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses. Dos que fizeram reajustes, 44% ajustaram conforme ou abaixo da inflação, enquanto apenas 9% conseguiram aumentar os preços acima da inflação.

O endividamento continua sendo um desafio para o setor: 37% das empresas têm pagamentos em atraso. Dentre essas, 70% devem impostos federais, 49% estão em débito com impostos estaduais e 39% enfrentam dificuldades com fornecedores de insumos, como alimentos e bebidas. Além disso, 36% têm contas de serviços públicos em atraso, 33% possuem empréstimos bancários pendentes, e 27% enfrentam débitos com encargos trabalhistas e previdenciários e aluguel. Outros 21% estão em atraso com taxas municipais, 9% devem a fornecedores de equipamentos e serviços, e 6% têm dívidas com os funcionários.

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Pedro Hermeto, presidente da Abrasel-RJ, avaliou o cenário com preocupação:

“A pesquisa mostra que o setor ainda enfrenta grandes desafios, mesmo em um período de recuperação econômica. A dificuldade em reajustar preços e a alta taxa de endividamento são barreiras significativas. Estamos empenhados em trabalhar junto aos empresários e ao poder público para encontrar soluções que ajudem a reverter esse quadro.”

Já de acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), o faturamento do varejo em agosto caiu 0,2%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2023. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista e embutem a inflação, houve alta de 4,7%.

O macrossetor de serviços recuou 3,5%, com a maior variação negativa observada no setor de turismo e transporte. Bens duráveis e semiduráveis caiu 0,5%, influenciado principalmente pela queda de materiais para construção. O macrossetor de bens não duráveis foi o único com crescimento (1,0%), puxado pelo segmento de supermercados e hipermercados.

O resultado do varejo só não foi mais negativo por causa das comemorações do Dia dos Pais.

“Segmentos presenteáveis, como varejo alimentício especializado e móveis, eletro e depto, apresentaram alta no mês e é possível inferir que o resultado esteja relacionado com a data”, afirma Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo.

“Já o setor de súper e hipermercados, favorecido pela deflação observada pelo segundo mês consecutivo, também amenizou a queda do varejo. Como o desempenho desse segmento foi acima de bares e restaurantes, é possível supor que as famílias preferiram comemorar o Dia dos Pais em casa”, diz Alves.

Em termos nominais, ou seja, que refletem a receita observada pelo varejista, o comércio eletrônico cresceu 6,5% em agosto no país. Já as vendas presenciais cresceram 4,2% em relação ao mesmo mês de 2023.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia do IPCA divulgada pelo IBGE, registrou alta de 0,19% para o mês de agosto. Segundo o instituto, o principal impacto da alta veio do setor de transportes e do reajuste de preços de combustíveis. Ao ponderar o IPCA e o IPCA-15 pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em agosto foi de 4,9%.

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a agosto de 2023 foram: Norte (-3,0%), Centro-Oeste (-3,5%), Nordeste (-2,8%), Sudeste (-1,8%) e Sul (1,6%),

Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados foram: Sul (5,1%), Sudeste (4,4%), Norte (1,8%), Centro-Oeste (1,4%) e Nordeste (1,0%).

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