Diante de todo o cenário vivido pelo mundo há um ano, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) realizou uma pesquisa com empresas associadas que representam mais de 9 mil pontos de venda em todo país sobre o enfrentamento da crise econômica e quais são as expectativas para o setor em 2021 neste momento da pandemia.
Segundo a pesquisa, 84% dos lojistas de shopping já demitiram desde o início da crise deflagrada pela pandemia. Mais da metade dos associados, 53% temem pela continuidade da crise que pode levar a um fechamento definitivo e novas demissões, enquanto pouco mais de ⅓ dos associados, 35% ainda seguem confiantes na recuperação das vendas no-pós pandemia.
Para 87% dos lojistas desde o começo do ano não houve nenhum aumento no movimento de clientes e nos estados onde os shoppings estão funcionando o tíquete médio de compra é de R$ 220, queda de 37% em relação ao mesmo período de 2019. Os dados desta vez, refletem situações desiguais nos estados, pois o fechamento do comércio não é total em várias unidades da federação.
O tíquete médio em baixa reflete a queda do tempo em que os clientes permanecem nos centros de compra. Antes da pandemia um consumidor ficava em média 90 minutos no shopping e hoje faz suas compras em 30 minutos.
Os associados também comentaram sobre o aumento do ICMS em produtos e combustíveis no varejo. No caso de São Paulo, que concentra boa parte da produção e das vendas no varejo do país, as medidas de elevação dos tributos tornaram as compras mais caras para o consumidor. Apesar do aumento generalizado do ICMS que impactou em custos mais altos na operação, 53% afirmam que os insumos ou produtos ficaram mais caros, mas não houve repasse para os clientes. Mais de um terço dos associados, 37% relatam que tiveram que repassar os aumentos para os clientes finais, e ainda 10% comentam não terem sido impactados com a alta dos preços nos produtos vendidos.
Segundo a Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 18,5 pontos em março, ao passar de 91,0 para 72,5 pontos, registrando o menor valor desde maio de 2020 (67,4 pontos). Em médias móveis trimestrais, o indicador caiu 6,4 pontos, mantendo a tendência de queda pelo quinto mês seguido.
Em março, a confiança caiu em todos os seis principais segmentos do comércio e nos dois horizontes temporais. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 10,6 pontos, para 75,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-COM) despencou 25,7 pontos para 70,2 pontos. Em ambos os casos, esses são os menores níveis desde maio de 2020.
Desde o início da pandemia, a confiança do comércio foi bastante impactada, mas deu sinais de recuperação ao longo do terceiro trimestre de 2020. Logo após esse período, o setor já sinalizava perda de fôlego no processo de recuperação, cenário que manteve nos primeiros meses de 2021. A média trimestral do Icom e seus subíndices caíram em relação ao trimestre imediatamente anterior. Além dessa queda na margem, vale ressaltar que o último mês do trimestre teve forte influência nesse resultado negativo e sugere que o caminho da recuperação ainda terá muitos obstáculos.
Em São Paulo, prévia do Balanço de Vendas da Associação Comercial (ACSP), divulgada no último dia 19, indica forte tendência de queda na primeira quinzena de março sobre fevereiro deste ano. A entidade credita a baixa às medidas restritivas anunciadas pelo Governo de São Paulo, que impediram as lojas de abrirem desde o último dia 6 por causa do agravamento da pandemia. Os dados preliminares, extraídos da Boa Vista Serviços S/A, indicam que houve queda de 18,9% na movimentação do varejo em relação a fevereiro deste ano e de 16,8% em relação a março do ano passado.
Comparando ainda a mesma semana com o período equivalente ao de 2020, a diminuição das vendas foi de 28,5%. Os dados não incluem os segmentos comerciais que funcionaram normalmente nem o comércio eletrônico. Se considerarmos apenas o período de fechamento do comércio (de 6 a 15 de março), quando foi anunciada a regressão de todo o estado à fase vermelha do Plano de Flexibilização Econômica, impedindo o funcionamento dos serviços considerados não essenciais, a queda foi de 30,5% em relação à semana anterior.
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