Mais um dia positivo

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Operador da Bolsa de Hong Kong (Foto: Wang Shen/Ag. Xinhua)
Operador da Bolsa de Hong Kong (Foto: Wang Shen/Ag. Xinhua)

Ontem os mercados tiveram o segundo dia positivo da semana, com a Bovespa fechando em alta de 0,42%, índice em 125.929 pontos e dólar com queda de 0,76%, cotado a R$ 5,19. Europa e EUA também com boas valorizações e com a volta do apetite ao risco.

Hoje, mercados da Ásia em novas altas no encerramento, com Hong Kong como destaque positivo com +1,83% e Tóquio fechada pelo feriado. Na Europa, dia começando meio indefinido, mas ganhando corpo com nova alta nesse início de manhã. Futuros do mercado americano também mostrando valorizações e petróleo novamente em alta, esbarrando em US$ 71,00. Aqui seria bom apontar para o patamar de 127 milpontos, ganhando maior consistência na recuperação.

O petróleo ajudando bastante nesta recuperação com a safra de resultados do segundo trimestre de 2021. Saíram os resultados da AT&T com lucro de US$ 1,87 bilhão e American Airlines com US$ 19 milhões, e as ações sobem no pré-mercado.

Nos EUA, boas expectativas que o pacote de infraestrutura que chega a US$ 3,5 trilhões tenha aprovação bipartidária até a próxima segunda-feira, e o presidente Biden diz que ajudaria a reduzir as pressões inflacionárias e ampliar a competição, notadamente contra a China. Os EUA e a União Europeia fecharam acordo para conclusão do gasoduto da Rússia para a Europa sem sanções. Já o BoE (o BC inglês) diz que os problemas de desequilíbrios na oferta do Reino Unido tende a ser superados e que a inflação é transitória. O comitê está atento ao mercado de trabalho.

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No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 0,91%, com o barril cotado a US$ 70,94. O euro era transacionado perto da estabilidade em US$ 1,179 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,30%, oscilando bastante. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda nas negociações da Bolsa de Chicago.

Aqui, as tensões e emoções na área política seguem fortes, mesmo com o Congresso em recesso. Luiz Eduardo Ramos foi demitido da Casa Civil e se disse surpreso e atropelado por um trem. Para seu lugar apareceu Ciro Nogueira, como cota do Centrão que parece comandar as ações. Outra mudança é a partição do superministério de Paulo Guedes, com a recriação do Ministério do Trabalho e comando por Onyx Lorenzoni, que já ocupou vários cargos no governo de Bolsonaro.

Empresários também estiveram com o relator dos ajustes no imposto de renda e rejeitaram as mudanças mesmo depois do substitutivo. Seguem os ruídos sobre o tema. Já Bolsonaro errou na matemática ao falar sobre a recuperação do PIB.

A agenda do dia local está vazia, exceto pelos ruídos de mudanças e outras que surgirão. No cenário externo, teremos a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre política monetária e coletiva de Christine Lagarde, presidente, mas política deve ser mantida, mas com indicações de mudanças futuras.  Nos EUA, teremos os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, o índice de indicadores antecedentes de junho e a atividade industrial de Kansas em julho.

Expectativa para o dia de Bovespa novamente com alta, dólar mais fraco e juros também.

Ontem, a agenda do dia era fraca, tanto aqui como no exterior, mas em compensação o noticiário corrente trouxe emoção, mexendo bastante com os mercados. Mas o destaque acabou sendo mesmo a recuperação do petróleo no mercado internacional, com valorização de mais de 4%, com o WTI voltando para patamar acima de US$ 70. Aqui, mercados mais travados por conta do risco político, sanitário e com a variante delta começando a assustar.

O Reino Unido defendeu mudanças nas regras comerciais estabelecidas no pós-Brexit e isso irritou a União Europeia no que tange a fronteira aberta com a Irlanda do Norte e equilíbrio político com a do Sul. A União Europeia rejeitou a mudança e o Reino Unido disse que flexibilizará a fronteira. O Japão e a Coreia do Sul reafirmaram acordo de desnuclearização da Coreia do Norte e o Japão quer dobrar a energia solar e outras fontes renováveis em sua rede elétrica.

O FMI vaticinou que teremos no futuro choques econômicos mais longos e devastadores e que é preciso melhorar a inclusão. Voltou a falar sobre a importância de agir para sincronizar a precificação do carbono lançado na atmosfera ao nível adequado, mas também falou em crescimento do PIB em 2021 já em +6%.

Nos EUA, os congressistas correm para fechar posição em texto bipartidário do pacote de infraestrutura de Joe Biden projetado em US$ 3,5 trilhões no prazo dado pelo líder Chuck Schumer, mas o líder republicano Mitch Mcconnell disse que nenhum republicano deve apoiar a elevação do teto da dívida. Ainda nos EUA, os estoques de petróleo na semana anterior cresceram 2,1 milhões de barris, mas a utilização da capacidade encolheu para 91,4%. Isso acelerou a tendência de alta do petróleo no mercado internacional.

No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 4,67%, com o barril cotado a US$ 70,34, próximo da máxima do dia. Com menor busca por proteção, o dólar acabou cedendo em relação a outras moedas e o euro tinha leve alta para US$ 1,18, enquanto os juros dos treasuries subiam, principalmente após o leilão de US$ 24 bilhões em títulos de 20 anos. O notes de 10 anos operava com juros de 1,30%. O ouro mostrava queda e a prata alta nas negociações da Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que teve nova queda de 2,83% em Qingdao, na China, com a tonelada em US$ 214,79, após restrições impostas para produção siderúrgica.

No segmento doméstico, Bolsonaro se disse assustado positivamente com a arrecadação de junho e declarou que o Governo decidiu liberar do contingenciamento todos os recursos travados para os ministérios. Já o ministro Paulo Guedes surfou no aumento da arrecadação de junho crescendo real 24,4% sobre igual período de 2020, mas com queda real no mês de 3,98%. A arrecadação de junho foi de R$ 137,2 bilhões e no semestre acumula R$ 882,0 bilhões. Foi a maior arrecadação para o mês desde 2011. As desonerações até o mês de junho somam R$ 47 bilhões. O ministro Paulo Guedes falou em recuperação em “V” e que vai pegar parte do aumento da arrecadação e transformar em redução de alíquota, quer acelerar a geração de empregos e acabar com o inferno tributário. Porém, a boa arrecadação se deve as projeções crescentes para o PIB, e fundamentalmente por conta da inflação acelerando o poder arrecadador. É bom que isso aconteça, mas seria prudente dosar o otimismo gastador histórico do país.

O BC também divulgou o fluxo cambial até o último dia 16 negativo, em US$ 1,09 bilhão, fruto de saídas pelo canal financeiro de US$ 2,72 bilhões e comercial positivo em US$ 1,63 bilhões. No ano o fluxo é positivo em US$ 14,25 bilhões e a posição cambial líquida permanece quase estável em US$ 274,3 bilhões. As perdas com operações de swap cambial montam a R$ 14,3 bilhões.

No mercado, dia de dólar oscilando em alta e depois cedendo, em sintonia com o exterior, para fechar em queda de 0,76% e cotado a R$ 5,19. No segmento Bovespa, da B3, na sessão do dia 19, os investidores estrangeiros voltaram a retirar recursos no valor de R$ 827,4 bilhões, deixando o mês de julho negativo em R$ 4,70 bilhões e o ano de 2021 ainda bem positivo em R$ 43,3 bilhões.

No mercado acionário, a quarta foi dia de alta da Bolsa e Londres de 1,70%, Paris com +1,85% e Frankfurt com 1,36%. Madri e Milão com valorizações de respectivamente 2,67% e 2,36%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,83% e Nasdaq com +0,92%. Na Bovespa, dia de alta de 0,42% e índice em 125.929 pontos.

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Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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