A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira, 12 de junho, que o impacto ambiental no Rio Grande do Sul após as chuvas e enchentes no estado pode ser comparado ao de uma guerra.
”É forte em todos os níveis. Temos não só uma grande quantidade de resíduos, mas animais que foram dragados pelas águas e que entraram em processo de decomposição, contaminando água, solo, levando problemas gravíssimos de saúde às pessoas, inclusive doenças, como é o caso da leptospirose”, disse.
A declaração foi durante participação no “Bom Dia, Ministra”. Marina enfatizou que a humanidade não está preparada para eventos climáticos extremos, e que é preciso reduzir a emissão de CO2 pelo uso de carvão, petróleo e gás para mitigar os efeitos do gás poluente no meio ambiente, evitando que tragédias como a que aconteceu no estado gaúcho voltem a se repetir.
“É como se estivéssemos vivendo uma situação de guerra, porque fizemos guerra primeiro contra a natureza e o homem não tem como ganhar da natureza. Ela vai sempre reagir numa proporção incomparavelmente maior do que a nossa capacidade de conter os seus efeitos colaterais”, pontuou.
Segundo ela, “o que está acontecendo no Rio Grande do Sul mereceu e merece a solidariedade de todos. O governo do presidente Lula já investiu algo em torno de R$ 85 bilhões, tanto na ajuda humanitária quanto no processo agora de reconstrução. Temos que pensar esse processo em dois níveis, o da ajuda humanitária e o da reconstrução. E o da reconstrução tem de considerar não apenas aspectos de natureza tecnológica, tem que considerar o que a natureza está nos ensinando.”
As consequências das enchentes na saúde mental dos porto-alegrenses estão sendo investigadas por psiquiatras do Hospital de Clínicas da cidade, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com apoio da Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam).
Segundo o estudo, a população de Porto Alegre com renda familiar inferior a R$ 1,5 mil sofre mais com ansiedade, depressão e síndrome de burnout do que as pessoas com renda familiar maior que R$ 10 mil, após as chuvas e inundações que atingiram a capital gaúcha a partir do final de abril.
Os resultados preliminares do levantamento, iniciado em meados de maio, mostram que a ansiedade aflige a 100% das pessoas com renda familiar abaixo de R$ 1,5 mil e a 86,7% de quem tem renda familiar acima dos R$ 10 mil. A depressão atinge a 71% das pessoas do estrato com menor renda e a metade (35,9%) daqueles com maior renda.
A síndrome de burnout, distúrbio emocional com sintomas de estresse, exaustão extrema e esgotamento físico, afeta mais a quem tem renda familiar mais baixa (69%) do que a quem tem renda mais alta (47%).
Os dados foram obtidos por meio de questionário online autopreenchido por pessoas contactadas pela Renasam, por meio do WhatsApp, ou por pessoas que acessaram o código QR fixado em locais públicos, como o Hospital de Clínicas e abrigos. A intenção dos pesquisadores é fazer o levantamento durante um ano, inclusive com acompanhamento periódico da saúde mental de alguns atingidos pela calamidade.
A expectativa dos organizadores é ter informações para cuidar da saúde mental da população impactada e fornecer subsídios para a política de saúde pública, informou à Agência Brasil a psiquiatra Simone Hauck, coordenadora do estudo.
Segundo ela, “o estresse pós-traumático crônico torna-se mais difícil de tratar com o passar do tempo”; por isso, os organizadores começaram a divulgar os primeiros resultados para que mais pessoas tomem conhecimento da pesquisa e preencham o questionário.
O levantamento foi autorizado pelos comitês de ética científica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e da prefeitura do município. O trabalho está sendo feito gratuitamente por médicos e pesquisadores.
Com informações da Agência Brasil
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