Material de construção teve otimismo moderado em setembro

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Loja de material de construção (Foto: Charles Damasceno/Ag. Sebrae)
Loja de material de construção (Foto: Charles Damasceno/Ag. Sebrae)

Na semana passada, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou mais uma edição do Termômetro da Indústria de Materiais de Construção. A pesquisa de opinião realizada com as lideranças do setor indica que as empresas associadas estão com otimismo moderado em relação aos resultados de setembro. Para 40% dos associados da Abramat o mês apresentará resultado bom e 16% apontam o período como muito bom.

Para outubro, a expectativa é de equilíbrio na série histórica, com 52% das empresas associadas estimando resultado bom e 36% considerando o período regular. A pesquisa também apresenta dados consolidados de agosto de 2021, indicando que o mês foi de resultados moderados para setor, com 24% dos associados considerando o período muito bom, 32% bom e 36% regular.

O Termômetro da Abramat também traz informações acerca do nível de utilização da capacidade instalada da indústria de materiais. Em setembro, a utilização da capacidade industrial obteve ligeira queda, de 1 p.p. em relação a agosto, passando de 78% (agosto) para 77% (setembro). Em setembro, as pretensões de investimento apresentaram ligeiro aumento, de 2 p.p. ante agosto, com 72% das indústrias de materiais indicando investimentos nos próximos 12 meses, seja para aumento da capacidade produtiva, seja para modernização dos meios de produção. Em setembro do ano passado, período de início de recuperação econômica após a primeira onda da pandemia, este indicador era de 77%.

O otimismo moderado está relacionado também à preocupação da indústria em relação a crise hídrica que o país vem enfrentando. Em setembro, 28% das empresas associadas à Abramat demonstraram preocupação muito grande com a questão e 44% indicaram preocupação grande.

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Já as vendas de cimento em setembro seguiram em curva de desaceleração. A leve melhora na demanda do insumo pelas obras de infraestrutura, continuidade das obras e vendas imobiliárias são as principais razões e vetores de consumo do produto.

O volume de vendas de cimento em setembro totalizou 5,7 milhões de toneladas, uma queda de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2020. O acumulado do ano (janeiro a setembro) registrou um total de 49,2 milhões de toneladas vendidas, aumento de 9,7% comparado ao mesmo período do ano passado. O desempenho da indústria até agora registrou uma perda de 1,7 p.p. em relação a agosto, reduzindo ganhos de 11,4% para 9,7%, ou seja, queda de 14,9%.

Ao se analisar a venda de cimento por dia útil em setembro, 247,7 mil toneladas, houve crescimento de 1,4% sobre agosto deste ano e queda de 2 % em relação ao mesmo mês do ano passado

Os principais indicadores de vendas de materiais de construção, particularmente do cimento, continuam desacelerando em virtude da menor renda da população e crescente endividamento das famílias – atingiu 59,9%, o maior valor de toda a série histórica iniciada em 2005 -, alto nível de desemprego, diminuição do auxílio emergencial e elevação das taxas de juros e inflação.

A economia segue em ritmo de desaceleração, as fortes pressões inflacionária e cambial oneram cada vez mais o custo de vida da população e os custos de produção da indústria, isto afeta negativamente cada vez mais a confiança dos consumidores e empreendedores. Pelos consumidores, o aumento da incerteza continua determinado pela inflação e desemprego elevados, crise energética e o aumento de incerteza econômica e política. Já a confiança do setor da construção6, depois de 4 meses de crescimento, apresentou estabilidade em setembro, sob efeito da elevação das taxas de juros do crédito imobiliário.

Há uma grande expectativa do início das obras de saneamento, que demandarão agregados, cimento, entre outros insumos. A carteira de leilões do setor no país segue engordando e começa a produzir a primeira leva de projetos estruturados após a aprovação do novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026/2020). Na lista atual do BNDES ainda estão previstas mais seis concessões nos próximos meses: dois blocos regionais em Alagoas, um no Rio de Janeiro, dois no Ceará, além da cidade de Porto Alegre (RS). Ao todo, estes contratos deverão somar R$ 16,4 bilhões de investimentos. A indústria do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos, gera uma renda de R$ 26,4 bilhões ao ano e uma arrecadação líquida anual de R$ 3 bilhões em tributos.

É um setor muito sensível ao cenário macroeconômico e aos estímulos governamentais. Ademais, o setor vem sofrendo com a instabilidade política, as altas taxas de desemprego – 13,7% em julho/21 -, elevação da taxa Selic e inflação, risco fiscal e os preços das comodities industriais que tem impactado substancialmente os custos de produção do cimento como coque, energia elétrica, diesel, sacaria e refratários (agravados pela variação cambial) comprometem o desempenho do setor.

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