“A última vez que o Senado se reuniu, tínhamos acabado de recuperar o Capitólio de criminosos violentos que tentaram impedir o Congresso de cumprir nosso dever. A máfia foi alimentada com mentiras. Eles foram provocados pelo presidente e outras pessoas poderosas”, disse McConnell sobre a multidão que invadiu o Capitólio em 6 de janeiro, interrompendo a certificação do Congresso da vitória eleitoral do presidente eleito Joe Biden e deixando cinco pessoas mortas.
“Eles tentaram usar o medo e a violência para impedir um processo específico do Governo Federal, que eles não gostaram”, acrescentou McConnell.
McConnell se tornará o líder da minoria no final deste mês, quando o Partido Democrata efetivamente assumir o controle do Senado após a posse de dois senadores democratas eleitos da Geórgia.
Aqui no Brasil, o professor Márcio Coimbra, coordenador da Pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, cientista político e mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (na Espanha), disse que depois de Jair Bolsonaro ter apoiado a equivocada tese de Trump sobre fraudes nas eleições dos EUA e ante posições políticas conflitantes do governo brasileiro, este terá de fazer grande esforço para recompor sua imagem perante o novo presidente norte-americano, Joe Biden.
O especialista lembra que, no início de seu mandato, Bolsonaro anunciou que o Brasil passaria a ter uma relação mais próxima com os EUA, retomando uma relação tradicional de parceria. Mostrou, porém, ter muito mais afinidade com o populismo de Trump do que com os EUA como nação. “Isso foi sentido em Washington, onde existe o receio de que o Brasil se afaste dos EUA e procure países mais afinados com os valores trumpistas. Da mesma forma, este governo que chega não enxerga Bolsonaro com simpatia”, frisa Coimbra.
Para recompor sua imagem e não ficar atrás, nas relações bilaterais com os norte-americanos de países como Chile e Colômbia, que sempre mantiveram diplomacia ativa com Washington independentemente do partido que ocupasse a Casa Branca, o governo brasileiro precisará ajustar uma série de posturas, atualmente conflitantes com a plataforma de Joe Biden, a começar pela pauta ambiental. “O tema entra na pauta norte-americana de maneira determinante. Certamente, para avançar nesta frente, Washington pedirá demonstrações claras de cooperação de Brasília, um movimento que colide com a posição de confronto com as políticas de preservação ambiental adotadas pelo governo brasileiro”, pondera.
Biden retornará com força para a política internacional multilateral, reintroduzindo os americanos em uma agenda global de concertação. “Podemos esperar o retorno ao Acordo de Paris e maior participação em organismos desprezados por Trump, como Unesco e OMS. Uma agenda que também colide com a posição adotada por Bolsonaro, que inseriu a luta contra o globalismo dessas instituições como seu foco de enfrentamento”, ressalta Coimbra, concluindo: “Os desafios para o Brasil serão enormes, não apenas pela mudança política adotada pelos norte-americanos, mas pelos próprios erros de cálculo político do Palácio do Planalto. Uma conta que pode sair muito cara para os brasileiros”.
Com informações da Agência Xinhua
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