O diretor-presidente do McDonald’s , Steve Easterbrook, em sua meta de simplificar a empresa e impulsionar os lucros, está apostando no mercado chinês.
A rede americana de fast-food está arquitetando um acordo para tornar o império de 2,2 mil lanchonetes McDonald’s no país asiático — 65% das quais ela é proprietária e operadora — em uma máquina de dinheiro por meio de franquias, segundo matéria do Wall Street Journal.
A iniciativa, para a qual um parceiro pode ser escolhido antes do fim do ano, deve captar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões dos investidores logo de entrada, dizem pessoas a par do assunto.
O McDonald’s também ficaria com algo entre 5% a 7% das vendas durante os 20 anos de duração do acordo. Ele manteria uma fatia minoritária nessas lojas chinesas, ao mesmo tempo em que cortaria seus custos operacionais e preservaria capital.
O momento escolhido para a iniciativa também reflete o amadurecimento do negócio de comida rápida na China, onde o McDonald’s e a Yum Brands Inc. — que é dona das redes Kentucky Fried Chicken e Pizza Hut — operam há 25 anos.
À medida que as grandes redes de consumo se mudam das ruas familiares de Pequim, Xangai, Cantão e outras metrópoles para cidades menores, elas precisam de parceiros chineses com conhecimento do mercado imobiliário e da demografia do país para saber onde abrir as novas lojas e como abastecê-las.
“Nas cidades do segundo nível, queremos acelerar, e um parceiro local teria sabedoria mais local e mais recursos locais”, disse Phyllis Cheung, líder executiva do McDonald’s na China. “A ideia das franquias é justamente ter mais flexibilidade e velocidade para se chegar ao mercado — e estar mais capacitado para atender às necessidades dos consumidores.”
Ao menos seis candidatos mostraram interesse no negócio de franquias com o McDonald’s na China, incluindo os gigantes americanos de private-equity Carlyle Group LP, TPG e Bain Capital LLC, segundo pessoas a par do negócio.
As três firmas de private-equity se uniram com parceiros locais, como o Citic Ltd. e a Wumart Stores Inc., que conhecem as condições do mercado chinês. O McDonald’s também estuda fazer um acordo parecido com investidores externos na Coreia do Sul.
Na China e em Hong Kong, o McDonald’s está pedindo que seu potencial parceiro assuma os mais de 1.400 restaurantes de propriedade da empresa e construa outras 1.300 lojas. Ele ainda tem espaço para crescer na China, o único grande mercado onde o número de lojas da rede Kentucky Fried Chicken — 5 mil até agora — supera o total de lojas do McDonald’s.
O vencedor da disputa pelo acordo com o McDonald’s vai operar em um país onde hambúrgueres, batatas fritas e milk-shakes já não são novidade. Ele terá de achar novas maneiras de satisfazer os consumidores chineses, que agora estão exigindo alternativas mais saudáveis, sofisticadas e personalizadas.
As vendas de lojas do McDonald’s estabelecidas na China têm se recuperado de um problema com fornecedores que levou à escassez de hambúrgueres e frango em alguns restaurantes em 2014. As vendas em lanchonetes abertas há pelo menos um ano da rede no país encolheram durante quatro trimestres consecutivos antes de começar a se recuperar em meados do ano passado.
E a concorrência está aumentando. A Dicos, uma rede de propriedade taiwanesa, por exemplo, oferece sanduíches de frango em mais de 2 mil restaurantes na China, igualando-se à escala do McDonald’s. Outra cadeia de fast-food chinesa de rápido crescimento chamada Real Kung Fu ostenta um logotipo com Bruce Lee e oferece tigelas de macarrão chinês com carne bovina e suína.
A crescente concorrência, diz Cheung, é uma das razões pelas quais o McDonald’s está à procura de um parceiro local com “conhecimento profundo” sobre o mercado da China em vez de um que simplesmente tenha condições de financiar novas lojas.