MEC busca banir celulares de salas de aula

ONU vê efeitos negativos no uso de aparelhos na concentração e no aprendizado dos estudantes; pesquisa aponta que 96% dos brasileiros usam celular na cama

408
Digitando em celulares smartphones (Foto: Pixhere/CC)
Digitando em celulares smartphones (Foto: Pixhere/CC)

Projeto de Lei que busca proibir o uso de celulares em salas de aula de escolas públicas e privadas do Brasil está sendo preparado pelo Ministério da Educação. A iniciativa vem do entendimento de que os dispositivos prejudicam o aprendizado, como apontou um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2023, que alerta para o impacto negativo e recomenda “visão centrada no ser humano” ao utilizar tecnologia na educação.

Apesar de os smartphones possibilitarem acesso a diversos conteúdos on-line – o que, por um lado, poderia colaborar com a educação -, eles não são a única forma de fazer os estudantes terem contato com temáticas como programação e tecnologia. Para André Brandão Sala, CEO da Robomind, empresa especializada em projetos de educação tecnológica e robótica, é possível exercitar a tecnologia em sala de aula sem o uso de celulares.

“A educação para robótica tem um impacto muito positivo no desenvolvimento dos estudantes, tanto acadêmico quanto social e cognitivo. Eles aprendem sobre tecnologia, aprendem a programar na prática, e é possível fazer isso sem os celulares. Os materiais incluem livros, peças de encaixe, e, dependendo do curso, tablets são usados para programação. Hoje oferecemos diversos cursos curriculares e extracurriculares para crianças a partir de três anos até o Ensino Médio, adaptados para as necessidades de cada faixa etária”, destaca.

De acordo com o MEC, o Projeto de Lei que visa ao banimento dos celulares deve ser divulgado e enviado para análise no Congresso Nacional ainda neste mês de outubro, sem data de divulgação confirmada.

Espaço Publicitáriocnseg

Já pesquisa recente, realizada pela NordVPN, revela dados alarmantes sobre os hábitos digitais dos brasileiros. Segundo o estudo, 96% da população leva seu celular e dispositivos móveis para a cama, colocando o país em segundo lugar entre os 17 pesquisados. Esse comportamento, que à primeira vista pode parecer inofensivo, está ligado a diversas consequências negativas, como a perda de qualidade do sono.

Os números revelam que, no Brasil, os indivíduos estão entre os mais propensos a usar múltiplos aparelhos quando estão deitados. Entre os mais populares estão os smartphones, usados por 94% dos entrevistados, seguidos por televisores (56%) e laptops/computadores (42%).

“Já sabíamos que a maioria carrega seus smartphones para todos os lugares. Nossa investigação anterior mostrou que 65% dos respondentes os levam até ao banheiro. No entanto, o uso em um ambiente relaxado, como no quarto, está geralmente associado ao scroll, o que faz com que as pessoas fiquem menos vigilantes em relação às medidas de segurança online e aos comportamentos seguros”, explica Adrianus Warmenhoven, conselheiro de cibersegurança da NordVPN.

O levantamento destaca que a maioria dos questionados (76%) navega pelas redes sociais, enquanto 66% preferem assistir a vídeos, como no YouTube, ou verificar e-mails e mensagens (63%). Outras atividades populares incluem conversas com amigos e familiares (55%) e jogos online (50%). Curiosamente, quase metade da população também gosta de ler ou ouvir notícias e assistir a programas de TV durante esse momento.

“Os resultados indicam que a atividade mais comum entre os brasileiros, tanto pela manhã quanto à noite, é o scroll nas redes sociais. Ao acordar, eles também costumam checar e-mails e mensagens, enquanto, antes de dormir, tendem a ver vídeos. Quando as pessoas estão relaxadas, podem não notar atividades suspeitas em seus dispositivos, como o acesso por estranhos ou a aparição de mensagens pop-up na tela. Compartilhar a cama com seu telefone pode acabar significando compartilhar seus dados com hackers”, alerta Warmenhoven.

Um dos aspectos mais preocupantes é o impacto negativo que essa prática tem sobre o sono. Dois terços (65%) acreditam que ela afeta negativamente a qualidade do sono, o que pode gerar cansaço e menor produtividade durante o dia. Além disso, o fenômeno conhecido como doomscrolling (navegar por notícias ruins) é especialmente prevalente no Brasil, com 64% dos entrevistados admitindo que caem nesse costume – a maior taxa entre os países participantes.

Mais de metade dos brasileiros (53%) sentem que estão desperdiçando tempo valioso de sono ao permanecer online. Apesar disso, poucos tomam medidas para mudar esse comportamento. Outro dado relevante é que o Brasil lidera entre os que mais continuam conectados enquanto estão deitados com o parceiro: 53% admitem essa rotina, que também é comum no México e na Austrália, com o Reino Unido logo atrás.

A pesquisa ainda revela que apenas um terço da população nacional utiliza o modo “hora de dormir” em seus dispositivos. Warmenhoven explica que esse recurso é projetado para promover hábitos tecnológicos mais saudáveis, mas muitos optam por não utilizá-lo, o que resulta em uma navegação na web mais longa do que o planejado.

“Isso não só impacta o sono, mas também expõe os usuários a riscos de privacidade. A navegação noturna pode levar a decisões impulsivas, como gastos excessivos ou cair em anúncios enganosos”, afirma.

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui