Meio ambiente e gênero

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Nesta sexta-feira, 8 de março, foi o Dia Internacional da Mulher, momento oportuno para relembrar a participação cada vez mais ativa das mulheres em torno das questões ambientais. Estamos vivendo uma época em que as mulheres cientistas, ativistas, ambientalistas, as mulheres em geral estão se integrando, de alguma forma, na proteção ambiental inclusive como forma de aumentar a qualidade de vida para si e para as futuras gerações. Desde a construção de uma estação oceanográfica na Antártica feita integralmente por mulheres cientistas até o trabalho de reaproveitamento e economia da água no lar, vem crescendo o protagonismo feminino em iniciativas que incentivem o direito ao meio ambiente saudável e o desenvolvimento sustentável.

Se por um lado a população feminina de baixa renda, especialmente no Brasil, é mais afetada pela falta de acesso à água potável e ao saneamento básico, por exemplo, comprometendo sua saúde e qualidade de vida, com influência direta sobre suas atividades econômicas, o que requer iniciativas estatais nessa área, por outro, vem crescendo a participação feminina em programas e projetos que promovam maior igualdade de gênero, qualidade de vida e oportunidades financeiras para uma vida digna.

Em todos os campos destaca-se a participação feminina: mulheres catadoras de material reciclável, as mulheres na defesa das nascentes, na agricultura familiar e no uso sustentável da biodiversidade para nutrição e saúde, mulheres que participam das decisões comunitárias nos centros urbanos ou nas zonas rurais. Alguns projetos sustentáveis de baixo custo conseguem reverter a situação de pobreza de mulheres em zonas rurais e urbanas.

Por exemplo, na Índia rural, mulheres estão produzindo absorventes de baixo custo e caminham para a independência financeira. Absorvendo o Tabu foi vencedor do Oscar de 2019 de Melhor Documentário Curta-Metragem e é exemplo do potencial feminino para ideias sustentáveis e economicamente rentáveis. No Brasil, a importância das mulheres na agricultura familiar tem fortalecido a agroecologia na Região Amazônica e na Região Sudeste. O projeto “Mulheres Agroecologia em Rede” criou a “caderneta agroecológica” por mulheres agricultoras que auxiliam o monitoramento da produção agrícola de mulheres e visibilizam o trabalho delas no campo.

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A necessidade de um papel ativo das mulheres na gestão da água foi ressaltada no 8º Fórum Mundial da Água realizado em Brasília em 2018. O desenvolvimento da igualdade de gênero em questões ambientais pode levar ao empoderamento produtivo determinando maior igualdade, oportunidades e acesso feminino mais igualitário ao direito fundamental ao meio ambiente, inclusive, com o incentivo a projetos que ajudem a eliminar as lacunas existentes entre homens e mulheres na área ambiental e a promover o desenvolvimento sustentável.

 

Ana Rita V. Albuquerque é defensora pública do Estado do Rio de Janeiro e doutora em direito Civil-Constitucional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

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