Melhora no sentimento externo sobre compromisso fiscal segue no radar

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O que pode impactar o mercado hoje – O Ibovespa encerrou o pregão de ontem em alta de 1,10%, fechando em 94.603 pontos, consolidando uma queda de 4,8% no mês de setembro, segunda baixa mensal consecutiva. As maiores quedas do índice no mês foram as de BTOW (-19,73%), CSAN3 (-17,92%) e PRIO3 (-16,71%), enquanto as maiores altas foram as de RENT3 (+17,70%), VALE3 (+11,87%) e PCAR3 (+9,81%). Por outro lado, mesmo com a queda de 0,42% do dólar comercial, fechando em R$ 5,61, o real segue como a pior moeda de 2020, com o dólar acumulando alta de 40,11% em relação ao real. As taxas futuras de juros fecharam o dia de ontem em leve queda, refletindo movimento de ajuste mediante percepção de que os prêmios estavam muito elevados. Ajudaram também o bom sentimento externo e indicações da equipe econômica do governo de compromisso fiscal. DI janeiro de 2021 fechou em 1,98%; DI janeiro de 2023 encerrou em 4,45%; DI janeiro de 2025 foi para 6,69%; e DI janeiro de 2027 fechou em 7,4%.

Nessa quinta-feira, os mercados globais amanhecem em alta. Bolsas americanas sobem quase 1% diante das negociações do novo pacote de estímulos e PIB em linha com expectativas. Já a Europa sobe +0,5%, enquanto Bolsas asiáticas permanecem fechadas: feriado na China e problemas técnicos na Bolsa do Japão.

No cenário político internacional, o presidente Donald Trump sancionou um pacote de financiamento de curto prazo para evitar a paralisação parcial do governo até 11 de dezembro. A medida foi aprovada no Senado na noite de ontem (quarta, 30) poucas horas antes da data-limite e já havia sido aprovada na Câmara. Na Câmara dos Representantes, os democratas adiaram votação de pacote de estímulo à economia de US$ 2,2 trilhões que não contava com apoio republicano para dar continuação a negociações com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. O presidente do Senado, Mitch McConnell (Republicano), disse que as posições dos partidos ainda estão muito distantes.

Na seara eleitoral, o primeiro debate presidencial, realizado na terça continua a repercutir na mídia. O noticiário destaca preocupações reafirmadas por Trump sobre uma possível contestação dos resultados eleitorais, o que geraria volatilidade política após a votação. Ressaltamos também que após o evento caótico desta terça-feira, a comissão de debates presidenciais deve mudar o formato dos debates.

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No Brasil, a política repercute ainda a fala do ministro Paulo Guedes, que ontem se opôs à proposta apresentada pelo governo na segunda-feira de usar recursos destinados a precatórios para custear o Renda Cidadã. A equipe econômica, ministros do Planalto e líderes envolvidos nas negociações se reuniram ontem à noite, mas não chegaram a uma nova solução que permita superar o impasse criado pelo veto do Ministério da Economia. As negociações devem seguir hoje.

Além disso, o resultado primário do governo geral divulgado ontem ficou negativo em 8,5% do PIB nos 12 meses encerrados em agosto. O resultado é o pior da série histórica, refletindo os programas do governo de suporte contra a pandemia. Já os dados do mercado de trabalho também divulgados ontem (PNAD Contínua e Caged) trouxeram leituras mistas a respeito do ritmo de recuperação das ocupações formais e informais nos próximos meses. A taxa de desemprego medida pela PNAD passou de 13,3% no trimestre encerrado em junho para 13,8% no trimestre encerrado em julho, enquanto o Caged apontou para um saldo forte das ocupações no mercado de trabalho formal, sustentado principalmente pelo aumento das admissões temporárias em agosto.

Já do lado das empresas, o Banco do Brasil anunciou ontem de noite que a joint venture na área de banco de investimentos com o UBS foi fechada. Apesar de o acordo já ser amplamente divulgado, temos agora a sinalização de que: I) o CEO será Daniel Bassan, veterano do Pactual e Credit Suisse e atual head de investment banking do UBS; II) o Chairman será Hélio Magalhães, atual chairman do Banco do Brasil e antigo CEO do Citi no Brasil, com boa experiência no atacado; e III) Sylvia Coutinho, atual CEO do UBS no Brasil, será vice-presidente do conselho.

Além disso, divulgamos um relatório comentando a questão dos royalties na Klabin. A AGE será no dia 30 de outubro e os acionistas vão decidir se aprovam ou não o encerramento do pagamento de royalties por R$ 367 milhões. Nós chegamos num valor presente de ~R$1 bilhão para os pagamentos de royalties, podendo ser ainda maior em caso de expansão de capacidade em papel cartão e/ou papelão ondulado. Assim, acreditamos haver boas chances de o acordo ser aprovado. Sobre a possibilidade de simplesmente ser criada uma nova marca, acreditamos que os custos estimados em R$ 150 milhões estejam subestimados, por não incorporarem alguns fatores, como: esforço estratégico da administração para a nova marca, em vez de canalizar esforço para outras questões relevantes da companhia, esforços de comunicação com as comunidades e agências governamentais e potenciais perdas de volumes e preços, apesar de transitórias.

Por último, publicamos ontem o nosso Panorama de Mercado XP para outubro. Setembro historicamente tende a ser um mês fraco para a performance das Bolsas. Isso foi uma das poucas coisas que em 2020 não foi diferente, com o índice MSCI Global recuando -3,90%, o da Nasdaq -5,16% e o S&P 500 -3,92%. No Brasil, o Ibovespa seguiu o movimento global, recuando -4,80% no mês e fechando em 94.603 pontos. Olhando para frente, seguimos otimistas com a Bolsa brasileira, e mantemos o target do Ibovespa em 115 mil pontos dentro dos próximos 3-6 meses. Nesse mês, estamos realizando duas mudanças na nossa Carteira Top 10 XP: entram Omega e Marfrig e saem Iguatemi e Movida.

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