Membros do BCE consideram chance de mais acomodação improvável

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Os membros do comitê de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) consideram que a adoção de novas medidas de estímulo é uma possibilidade cada vez mais remota, diante da melhora nas condições econômicas da Zona do Euro, de acordo com a ata da reunião dos dias 8 e 9 de março.
O presidente da instituição, Mario Draghi, afirmou não ver necessidade de se desviar da trajetória de política monetária do BCE, que inclui compras de títulos até pelo menos o fim do ano e juros em mínimas recordes até bem depois disso para estimular a inflação. “Não vejo motivo para desviar das indicações que temos fornecido consistentemente”, disse Draghi em conferência em Frankfurt.
“Houve ampla concordância entre os membros de que a orientação da política monetária atual permanece apropriada”, diz a ata, destacando que as perspectivas para a inflação no médio prazo continuam em grande parte inalteradas. Eles consideram que um grau substancial de afrouxamento monetário, como o oferecido hoje, ainda é necessário, mas que as chances de se “fornecer mais acomodação está se tornando menos provável”.
A inflação na Zona do Euro se recuperou nos últimos meses e estava em março em 1,5%. A meta do BCE é de cerca de 2%. Isso tem alimentado a especulação do mercado de que o BCE pode elevar sua taxa de depósito, atualmente em -0,4%, o que significa que os bancos são cobrados por depósitos em excesso.
O economista-chefe do BCE, Peter Praet, defendeu a sequência da trajetória de política monetária do banco, afirmando que apenas a adoção da noção de uma alta de juros vai desfazer parte do estímulo econômico trazido pelas compras de ativos do BCE.
“Se os investidores começarem a perceber que a trajetória dos juros está sujeita a incertezas…juros de longo prazo serão elevados e as compras de ativos se tornarão menos efetivas”, disse Praet.
As declarações do BCE se chocam com a especulação do mercado de que o banco deveria em breve começar a reduzir o programa de compra de ativos, retirando a acomodação monetária. De acordo com a ata, se a economia se recuperar mais e a inflação acelerar de forma sustentada, “uma discussão sobre a normalização da política monetária seria justificada no futuro”.

Bancos estrangeiros

O BCE)propôs que grandes sucursais de bancos estrangeiros na União Europeia sejam sujeitos a regulações e exigências de capital mais rígidos, medida que aumentaria os custos de instituições dos Estados Unidos e da Ásia, além das britânicas após o Brexit.
A proposta do BCE, diz que um projeto de legislação sobre regulamentação de bancos estrangeiros já em discussão entre os 28 membros da UE deve ser endurecida. O texto, proposto pela Comissão Executiva da UE em novembro, exige que bancos estrangeiros com presença importante na UE combinem seus negócios na região em uma holding capitalizada separadamente.
A proposta visa assegurar que os bancos estrangeiros classificados como credores globalmente sistêmicos ou com pelo menos 30 bilhões de euros de ativos na UE sejam capazes de suportar perdas significativas sem o apoio da matriz.
Já se verificou uma forte oposição de bancos de fora do bloco, que afirmam que isso aumentaria significativamente o custo e a burocracia do funcionamento na UE. Mas o BCE está propondo que a lei vá mais longe e exija que filiais de bancos estrangeiros sejam incluídas na holding da UE, medida que provavelmente aumentaria os requisitos de capital dos credores estrangeiros.
As mudanças propostas fariam com que as regras na UE para o setor sejam semelhantes às enfrentadas por grandes bancos estrangeiros nos Estados Unidos, disse.
O BCE propõe também que as holdings sejam reguladas por quem supervisiona a maior entidade individual do grupo, que na prática seria em geral o próprio BCE. Isso significaria ampliar o poder de supervisão do BCE, em parte em detrimento dos órgãos fiscalizadores nacionais dentro da UE.

Índices europeus

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Os mercados acionários europeus fecharam com leve alta nesta quinta-feira, com os bancos tendo uma sessão volátil depois que declarações “dovish” do presidente do BCE, Mario Draghi, desencadearam conversas sobre as perspectivas de política monetária na região.
O índice FTSEurofirst 300 subiu 0,16%, a 1.500 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 ganhou 0,18%, a 381 pontos.
Os bancos foram inicialmente afetados após Draghi jogar água fria sobre as expectativas de medidas de aperto monetário em observações que sugerem que o Banco Central Europeu não mudará sua mensagem de política monetária neste mês.
Mas o setor, que tem se movido de lado nas últimas semanas, recuperou-se à medida com os investidores mudando o foco para as perspectivas de longo prazo para as taxas de juros no bloco de moeda única. “Todo mundo sabe para onde a política monetária está indo na Zona do Euro: vai ficar mais apertada”, disse o analista do Grupo AFS Arne Petimezas.
O índice bancário da Zona do Euro chegou a cair 1,4%, mas encerrou a sessão com alta de 0,83%. O índice bancário europeu mais amplo teve alta de 0,3%, uma vez que pesaram as perdas entre os bancos do Reino Unido.
Em Londres, o índice Financial Times recuou 0,39%, a 7.303 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,11%, a 12.230 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 ganhou 0,58%, a 5.121 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,22%, a 20.296 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,12%, a 10.518 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 valorizou-se 0,39%, a 4.999 pontos.

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