O mercado de bem-estar sexual tem ganhado cada vez mais destaque e já tem um faturamento global de mais de US$ 70 bilhões por ano, com a expectativa de chegar a US$ 108 bilhões até 2027, conforme dados recentes publicados pela Allied Market Research.
A situação não é diferente no Brasil. De acordo com levantamento realizado pela Cortex, o mercado erótico está em constante crescimento também por aqui. Em 2022, último dado disponível, o País registrou a abertura de 1.068 empresas, número 35% superior ao ano anterior. Sendo que cerca de 64% das empresas se encaixam na faixa de microempreendedor individual (MEI), com faturamento anual de até R$ 81 mil, enquanto 24% são microempresas e têm faturamento de até R$ 360 mil por ano. Os dois portes, quando somados, concentram quase 90% de todas as empresas da área.
Dentre os estados brasileiros, o que concentra o maior número de sex shops é São Paulo. Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, e em terceiro, Minas Gerais. Os três estados, juntos, concentram quase a metade de todas as empresas deste segmento no país.
Essa realidade também se reflete na quantidade de funcionários: 94,5% dos empreendedores dos sex shops mapeados trabalham sozinhos e apenas 2,5% contam com, pelo menos, um funcionário. As empresas que têm de 2 a 10 funcionários correspondem a 2,8%. Já as empresas que têm mais de 10 colaboradores representam apenas 0,2% do total.
Mulheres investem mais no mercado de bem-estar sexual
As mulheres são as que mais investem nesse mercado. Desde 2019, elas vêm se destacando e apresentando uma participação maior nos quadros societários das empresas desse nicho. Em 2022, por exemplo, a participação foi de mais de 51%; no anterior, de 56,7%; e, em 2020, de 53,1%.
Para Alexandre Giraldi, consultor de negócios do Sebrae-SP, as pessoas estão com mais liberdade para falar e consumir produtos eróticos. “O mercado tem tido crescimento na busca por esses produtos. Antigamente, as pessoas tinham uma certa limitação até por conta do preconceito sobre o tema. Hoje, se tem maior acessibilidade e é tido como em busca da qualidade de vida e do relacionamento”, diz Giraldi. “Vem diminuindo resistência a esse produto. Com marcas focando em segmentos diferentes”, complementa o consultor.
De fato, aquele receio em comprar produtos eróticos está virando coisa do passado. Com embalagens mais discretos, o setor de brinquedos sexuais para adultos não para de crescer. De acordo com pesquisa da Business Research Insights, o mercado global de brinquedos eróticos movimentou cerca de US$ 2,3 bilhões em 2022, último dado disponível, e a estimativa é de atingir US$ 3,7 bilhões até 2028, crescimento de 8,1% durante o período.
“Observamos que a procura por casais também está crescendo gradativamente inclusive entre pessoas com religião mais conservadora. E as casas de swing também tem mostrado aumento de público”, comenta Giraldi. Este crescimento, diz o consultor, tem sido contínuo há mais de 5 anos.
Relatório da Ibis World mostra que a popularidade dos brinquedos sexuais aumentou à medida que as normas sociais se liberalizaram, tornando sua aparição na grande mídia comum. “Junto com o aumento nos gastos do consumidor, as compras de apetrechos como vibradores e pênis de borracha aumentaram”, diz o documento. Nos Estados Unidos, segundo o relatório, quase metade de todas as mulheres possui vibradores. Por lá, a receita do setor cresceu 7% nos últimos cinco anos, atingindo uma estimativa de US$ 15,8 bilhões em 2023.
Por Gilmara Santos, especial para o Monitor