Mercado de sorvetes volta a crescer no Brasil

Setor teve alta de 50% nas vendas desde o início da onda de calor; e mercado de açaí gelado teve salto de 49,3% no consumo 2022 e 2023

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Sorvetes (Foto: Fapesb.gov.br)
Sorvetes (Foto: Fapesb.gov.br)

O mercado sorveteiro no Brasil cresceu 22,4% em volume no segundo semestre de 2023, em comparação com o ano anterior, alcançando 438 milhões de litros em volume no ano. A última pesquisa da Euromonitor, realizada em junho de 2023, já mostrava que o setor alcançava 380,9 milhões de litros em volume. Esse número, que não inclui os produtos de foodservice e açaí, supera os 600 milhões de litros em volume quando considerados esses segmentos. O resultado foi impulsionado por diversos fatores, como comenta o presidente da Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete), Martin Eckhardt:

“Tivemos muitos investimentos em novas linhas de produtos e o clima foi bastante favorável em algumas regiões, com frentes de calor que ampliaram consideravelmente as vendas, alcançando um crescimento de 15% em 2023”.

Segundo a entidade, a expectativa para o setor em 2024 é de crescer 5% no volume de litros.

De acordo com a associação, o segmento reúne mais de 7 mil empresas e gera cerca de 300 mil empregos, diretos e indiretos. Para os próximos anos, estudos da Euromonitor projetam um crescimento de 21% no setor, com a previsão de movimentar R$ 20 bilhões em 2028.

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“Estamos otimistas, acreditamos que esse número deverá ser até maior, perto de 30% de crescimento em 2028. Isso porque o setor já vem se recuperando da crise provocada pela pandemia e pelo clima instável em algumas regiões do país, agora, junto à Campanha 50 em 10, lançada em 2023, cujo objetivo é ampliar em 50% o consumo do sorvete em 10 anos, acreditamos uma ampla melhoria no ambiente de negócios de todo o segmento”, reforça Eckhardt.

Já segundo a Associação Brasileira da Indústria de Sorvetes (Abis), o setor de sorvetes teve uma alta de 50% nas vendas desde o início da onda de calor. O brasileiro consome, em média, um bilhão de litros de sorvete por ano, uma pessoa consome até cinco litros por ano, segundo a pesquisa, que engloba o consumo de açaí, categorizado como sorvete e sobremesa. Informações da Embrapa apontam que as atividades que envolvem o açaí geram cerca de 25 mil empregos diretos e movimentam R$ 40 milhões. Pesquisa realizada pela Scanntech indica um salto de 49,3% no consumo de açaí entre 2022 e 2023.

Atualmente, o mercado de sorvetes no Brasil conta com mais de 11 mil empresas, gerando um faturamento anual superior a R$ 14 bilhões, e sustentando aproximadamente 100 mil empregos diretos e 200 mil indiretos. Em resposta à busca por hábitos alimentares mais saudáveis, a indústria de sorvetes está testemunhando uma mudança significativa. A redução de açúcares e gorduras em produtos sorveteiros tornou-se uma tendência dominante. Consumidores conscientes agora desejam desfrutar de seus sorvetes favoritos sem comprometer a qualidade de sua dieta.

A fim de entender os principais hábitos de consumo no varejo, seis mil brasileiros de todas as regiões e níveis econômicos foram entrevistados para mapear variações alimentares e tendências emergentes no mercado. A L.E.K. Consulting constatou neste levantamento que cerca de 75% dos participantes passaram a ter mais cuidado com a saúde após a pandemia.

“Nos últimos anos, tornou-se quase onipresente uma forte tendência de crescimento de produtos com viés de saudabilidade. Alguns segmentos cresceram muito e têm elevado consumo regular, como os enriquecidos em proteína, com baixa gordura e totalmente naturais”, afirma Felipe Ahouagi, sócio da L.E.K Consulting.

Na forma como lidam com temas de saudabilidade, aumentando a frequência de aquisição de itens com essa proposta. Ao mesmo tempo, e de forma paradoxal, o sabor ainda é chave na seleção de itens saudáveis, e a indulgência continua muito relevante. Na busca por opções de conveniência, particularmente conectadas à transformação proporcionada por aplicativos de delivery.

Na dinâmica de escolha de consumo fortemente afetada por um cenário de inflação de alimentos sem precedentes. De acordo com a pesquisa, o cuidado com a saúde física e mental é indicado como primeira ou segunda prioridade em todos os segmentos dos consumidores brasileiros, independentemente de classe social ou faixa etária. A outra prioridade é passar mais tempo com família e amigos.

Seguindo a tendência, produtos à base de vegetais também têm crescido bastante, em grande medida impulsionados por consumidores que também consomem produtos de origem animal, porém fazem a substituição em alguns dias ou refeições.

As maiores diferenças entre quem se considera bem ou malsucedido em ter uma alimentação saudável estão relacionadas a um maior consumo de legumes, ovos e pescados, e a um menor consumo de carboidratos. Curiosamente, o consumo maior de itens de indulgência não elimina a percepção de alimentação saudável: quem se avalia assim consome mais snacks e doces que os demais, além de mais bebidas alcoólicas.

Outro ponto que chama atenção no levantamento é a evolução pós-pandemia do comportamento do consumidor quanto ao uso de aplicativos para delivery de alimentos, com quase um terço utilizando o serviço de forma frequente, ou, pelo menos, uma vez por semana. Esse perfil de comportamento é constante nos segmentos de maior renda e para quem trabalha no modelo híbrido.

Ao selecionar sua refeição no aplicativo de delivery, a grande maioria dos consumidores de segmentos de renda mais alta prioriza a qualidade e variedade de pratos. Para os demais segmentos, de renda média e baixa, o custo é a variável mais importante para escolha da refeição.

Os principais canais de compra online são os aplicativos de delivery (48%), Whatsapp/varejista (19%) e supermercado online (14%).

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