Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central esperam que a taxa Selic seja elevada a 14,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorre amanhã e quarta-feira. A cada 45 dias, o colegiado do BC reúne-se, em Brasília, para definir os juros básicos da economia. A expectativa do mercado é que esta seja a última alta da Selic este ano.
A estimativa está no Boletim Focus desta segunda, pesquisa divulgada semanalmente pelo BC sobre os principais indicadores econômicos. Em sua última reunião, em março, o Copom elevou a taxa pela quinta vez consecutiva para 14,25% ao ano .
A alta consolida um ciclo de contração na política monetária. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual. Agora, a expectativa é que ela suba 0,5 ponto.
Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2025 em 14,75% ao ano. Para o fim de 2026, a estimativa é de que a taxa básica caia para 12,5% ao ano. Para 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.
Nesta edição do Focus, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 5,55% para 5,53% este ano. Para 2026, a projeção da inflação foi mantida em 4,51%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente.
A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
Em março, a inflação fechou em 0,56%, pressionada principalmente pelos preços dos alimentos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dessa pressão, o IPCA perdeu força em relação a fevereiro, quando marcou 1,31%. No acumulado em 12 meses, a inflação soma 5,48%.
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano permanece em 2%. Para 2026, a expectativa para o Produto Interno Bruto também ficou em 1,7%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2%, para os dois anos.
Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021 quando o PIB alcançou 4,8%.
A previsão da cotação do dólar está em R$ 5,86 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,91.
“A revisão para baixo da projeção do IPCA para 2025, agora em 5,53%, marca a terceira queda consecutiva nas expectativas inflacionárias, o que sugere uma melhora na credibilidade da política monetária brasileira. Apesar de ainda estar acima da meta do Banco Central, essa trajetória descendente é um alívio para os agentes econômicos. O mercado começa a enxergar a possibilidade de uma inflação mais controlada ao longo do segundo semestre, o que pode destravar investimentos represados. No entanto, é preciso reconhecer que o processo de desinflação ainda é incipiente e vulnerável a choques externos, especialmente com a guerra comercial entre EUA e China elevando os custos globais”, avalia Jorge Kotz, CEO do Grupo X.
Já para Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, “essa redução nas expectativas inflacionárias pode indicar uma percepção de maior controle sobre os preços, o que tende a influenciar positivamente o mercado financeiro. Investidores podem interpretar esse movimento como um sinal de que o Banco Central está conseguindo ancorar as expectativas, o que, por sua vez, pode impactar as decisões sobre a taxa Selic. No entanto, é importante destacar que, mesmo com a queda na projeção, a inflação ainda está acima da meta, o que pode manter o Banco Central em uma posição cautelosa. Isso significa que cortes mais agressivos na taxa de juros podem não ocorrer no curto prazo, o que pode afetar setores sensíveis ao crédito, como o varejo e a construção civil.”
Com informações da Agência Brasil
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