A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,08% para 5,5% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central, em Brasília, com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para 2026, a projeção da inflação também subiu de 4,1% para 4,22%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 3,9% e 3,73%, respectivamente.
A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
Com o resultado de 0,52% em dezembro, a inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, acima do limite máximo da meta estipulada pelo CMN. Em 2023, o IPCA havia ficado em 4,62%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao longo do ano passado, o grupo alimentos e bebidas foi o que mais pressionou o bolso dos brasileiros.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 12,25% ao ano.
A alta do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o BC aumentar o ritmo de subida dos juros na última reunião de 2024, em dezembro. Esse foi o terceiro aumento seguido da Selic e a alta consolida um ciclo de contração na política monetária. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano.
Após passar um ano em 13,75% ao ano – entre agosto de 2022 e agosto de 2023 – a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto, e novembro, quando aumentou 0,5 ponto.
O órgão informou que elevará a taxa Selic em um ponto percentual nas próximas duas reuniões deste ano, caso os cenários se confirmem. O primeiro encontro do Copom este ano ocorre nesta terça e quarta-feira e a expectativa do mercado financeiro é de que o colegiado confirme a elevação da Selic para 13,25% ao ano.
Para o fim de 2025, a estimativa é que a taxa básica suba para 15% ao ano. Para 2026, 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida para 12,5% ao ano, 10,38% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano passou de 2,04% para 2,06%. Para 2026, a expectativa para o PIB é de crescimento de 1,72%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 1,96% e 2%, respectivamente.
No terceiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto subiu 0,9% em comparação com o segundo trimestre. De acordo com o IBGE, a alta acumulada no ano – de janeiro a setembro do ano passado – é de 3,3%.
Em 2023, superando as projeções, a economia brasileira cresceu 3,2%. Em 2022, a taxa de expansão foi de 3%.
A previsão da cotação do dólar está em R$ 6 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique no mesmo patamar.
Segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, “o Boletim Focus trouxe novas projeções que refletem as preocupações do mercado com a persistência inflacionária. A expectativa de inflação para 2025 foi ajustada para cima, impulsionada pelos resultados do IPCA-15 acima do esperado em janeiro. O mercado agora antecipa um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic na reunião do Copom desta semana, reforçando a postura mais rígida do Banco Central em ancorar as expectativas. Apesar de necessária, a alta dos juros gera impactos significativos na economia, como menor crescimento do PIB e maior pressão sobre o crédito. O cenário exige uma combinação de medidas fiscais e monetárias para equilibrar o crescimento econômico e o controle inflacionário.”
E para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “no Boletim Focus de hoje o IPCA vem assustando, aumentando significativamente, saindo de 5,08% para 5,50%. É o 15º aumento consecutivo, reflexo do último IPCA-15 que veio acima das expectativas. No Brasil, o aumento de 1 ponto percentual na Selic, definido pelo Copom esta semana, reforça o compromisso do BC em ancorar a meta da inflação, ainda que isso traga um impacto negativo no crescimento econômico no curto prazo, como mostra os indicadores do PIB neste boletim focus. No longo prazo, 2026, o IPCA segue também aumentando consideravelmente, e reforça essa visão de um cenário bem desafiante para conter a inflação. A decisão do Fed também essa semana, ainda incerta entre manter ou reduzir os juros, pode trazer uma volatilidade adicional, especialmente no câmbio e nos fluxos de capitais. Ou seja, tudo amplia a necessidade de cautela na condução da política monetária por parte do BC.”
Com informações da Agência Brasil
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