Mercados absorvem aspecto político

137

O dia de ontem começou superbem para o mercado local, assimilando as aberturas de economias no mundo, dando pouca ênfase ao aspecto diplomático entre China, EUA e Hong Kong e com tom animado em relação as vacinas que estão sendo desenvolvidas. Porém, na parte da tarde pesou um pouco o lado político, e a Bovespa passou a realizar lucros, bem dentro daquele quadro de volatilidade recente.

No cenário externo, o índice de atividade nacional de Chicago mostrou queda em março para -16,9 pontos, a confiança do consumidor pelo Conference Board subiu em maio para 86,6 pontos, maior que o previsto de 83 pontos.

Também as vendas de imóveis novos tiveram alta em abril de 0,6%. Quase em seguida a Fitch, uma das três maiores agências de classificação de risco, divulgou novas projeções de crescimento no mundo, estimando queda do PIB global de 2020 em -4,6% (anterior em -3,9%), emergentes sem a China para queda de 4,5% e Zona do Euro com -8,2%, de anterior em -7,0%. Para o Brasil foi projetado uma queda do PIB de 6%, de anterior em -4%. A Fitch também rebaixou a Argentina de classificação "C" para default.

Nos EUA, o secretário de Trump, Larry Kudlow, reforçou que embora as críticas sigam em relação à China, os termos dos acordos de comércio da primeira fase seguem em vigor. Ao mesmo tempo, surgiram comentários que se a China intervier em Hong Kong, dificilmente poderá seguir como polo financeiro. Já o dirigente do Fed de ST. Louis, James Bullard alertou que se a paralisação das economias for prolongada, a recessão pode se transformar em depressão.

Espaço Publicitáriocnseg

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava alta de 2,62%, com o barril cotado a US$ 34,12, e de certa forma garantindo o desempenho de Petrobras na Bovespa. O euro era transacionado em alta para US$ 1,099 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,66%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas em alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro e que teve queda de 2,43 na China e a tonelada fechou em US$ 95,28.

No segmento local, o Banco central anunciou superávit em conta-corrente em abril de US$ 3,84 bilhões, mas no ano ainda acumula déficit de US$ 18 bilhões. Destaque negativo para o volume de Investimento Direto no País (IDP), com ingresso de somente US$ 234 milhões, mas em 12 meses com entrada de US$ 73,2 bilhões. O déficit em conta-corrente em 12 meses está em US$ 44,4 bilhões, significando 2,61% do PIB. Até aqui, os investimentos diretos financiam com tranquilidade o déficit em conta-corrente.

Também pesou no Brasil as declarações dadas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre a Covid-19 no Brasil e México, dizendo que a América Latina passou a ser o epicentro da pandemia e que o Brasil estava com aumento exponencial e que tem que ampliar muito a testagem do vírus e fazer isolamento. O problema é que os estados começam a reabrir atividades e a crise pode aumentar.

Do lado político houve declarações positivas de Rodrigo Maia, que fez um convite à pacificação dos espíritos, mas também tivemos novidades no depoimento de Paulo Marinho agregando elementos materiais ao processo e citando o celular mantido por Gustavo Bebianno nos EUA que pode conter outras indicações.

No mercado local, os DIs de longo prazo tiveram juros em queda e curtos em alta, mesmo com a divulgação da prévia da inflação pelo IPCA-15 maio com deflação de 0,59%, contra anterior em -0,01%.

No ano a inflação está em 0,35% e em 12 meses com 1,96%, e isso permite leitura que o Copom pode reduzir a Selic abaixo de 2,25% até o final do ano. O dólar terminou o dia em queda de 1,83%, cotado a R$ 5,358. Na Bovespa, na sessão de 22 de maio, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 620,5 milhões, deixando o saldo negativo de maio em R$ 7,6 bilhões e o ano com saídas líquidas de R$ 77 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,87%, Paris com +1,46% e Frankfurt com +1,00%. Madri e Milão com altas de respectivamente 2,15% e 1,50%. No mercado americano, o Dow Jones com alta de 2,17% e Nasdaq com +0,17%. Na Bovespa, dia de inversão de tendência para queda de 0,23% (chegou a subir 2,0%) e índice em 85.463 pontos.

Na agenda desta quarta teremos a confiança da indústria de maio, nota de mercado aberto, relatório da dívida pública de abril e fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, o índice de atividade industrial de Richmond de maio e dados do Livro Bege, uma síntese da economia.

.

Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui