Mais um dia de poucas novidades no noticiário e os mercados caminham para fechar a semana do lado positivo. Bolsas e moedas são destaque, mas o que vale mais a pena ressaltar é a redução no juro futuro nos EUA. A treasury de 10 anos, por exemplo, abriu o mês próxima a 3,00% e flerta com o 2,70% hoje.
O alívio vem essencialmente da inflação implícita na curva, que cede em todos os vértices até o vencimento de 30 anos. O movimento fica mais interessante se considerarmos que a maioria das commodities acumulam alta em maio — exceção das metálicas.
Incialmente, a nossa hipótese era que o risco de recessão crescia no cenário, especialmente depois dos dados de vendas de imóveis novos nos EUA no começo da semana, o que não justificaria o otimismo das bolsas. A queda na curva de juro real essa semana talvez justifique as duas tendências dicotômicas. Vale considerar, por exemplo, que o juro real subia ao longo de maio e mudou de sinal apenas esses dias.
Se por um lado, parte da atividade norte-americana acentua os riscos de alguma recessão, no Brasil os indicadores mensais sugerem uma atividade mais pujante no primeiro trimestre. Na quinta-feira (dia 2 de junho), o IBGE divulga o PIB do 1T22, para o qual projetamos um avanço de 1,5% ante o trimestre anterior, influenciado pela alta do segmento de serviços (que engloba, também, o comércio), com destaque para os serviços de transporte de carga e outros serviços, que acompanha a retomada da mobilidade.
Em relação às pressões inflacionárias de curto prazo, o IPCA-15 divulgado na quarta sugere uma inflação oficial de 0,61% em maio. Se isso for verdade, o IPCA fecha 2022 em 9,2%. Portanto, seguimos atentos ao noticiário que cobre o Projeto de Lei 211/21, texto que estabelece um limite de 17% no ICMS de bens e serviços. A proposta agora depende do Senado, mas se aprovada, poderia reduzir a inflação em até 1.5 p.p. para o final do ano.
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Marco Caruso
Economista-chefe
Eduardo Vilarim
Economistas
Banco Original