Mercados sem rumo

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Investidores no mundo parecem divididos entre a deterioração das relações entre os EUA e a China e a expansão da Covid-19, mas também acreditando na melhora das economias e, por consequência, na precificação mais alta dos ativos. Assim, ontem foi um dia típico de mercados sem rumo, começando pelos asiáticos com comportamento misto, passando pela Europa quase toda em queda e terminando nos EUA e Bovespa em dia de boa alta.

Os investidores seguem esperando um novo programa de estímulo de no mínimo US$ 1 trilhão nos EUA, enquanto avaliam as pesquisas da eleição de final do ano que coloca Joe Biden bem à frente de Donald Trump. Aliás, no final de semana muito se comentava sobre a possibilidade de Karen Bass ser vice na chapa de Biden, tendo sido bem aceita pelos democratas.

Na Europa, o índice IFO de confiança empresarial da Alemanha subiu forte para 90,5 pontos, mas não foi suficiente para manter mercados em alta por lá. Ainda assim, a União Europeia identificou que Boris Johnson quer fazer acordo com o bloco. Nos EUA, as encomendas de bens duráveis de junho cresceram 7,3%, quando o previsto era +5,4%. Ainda nos EUA, o secretário de Trump, Larry Kudlow, disse que o governo está dando toda assistência para a economia e querem garantir recuperação em formato de "V".

No mercado internacional, o petróleo operou o dia com grande volatilidade e o óleo WTI negociado em Nova Iorque estava com alta de 0,63%, com o barril cotado em US$ 41,55. O euro era transacionado em alta para US$ 1,176 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,60%. O ouro e a prata com boas altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve queda de 1,56% durante a madrugada, com a tonelada em US$ 107,68, mas não afetou a precificação de Vale, pois analistas esperam grande geração de caixa.

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No segmento local, a pesquisa semanal Focus do BC veio com poucas alterações e na direção positiva. A inflação prevista para 2020 caiu para 1,67% (anterior em 1,72%) reforçando a tese que o Copom irá reduzir da Selic para 2% como previsto. O PIB projetado para o ano também melhorou para queda de 5,77% (de anterior em -5,99%). A produção industrial de 2020 ficou estável e mostrando queda7,8%. O saldo previsto para a balança comercial é de um superávit de US$ 55 bilhões, encolhendo da previsão anterior de US$ 55,15. Falando em balança comercial, o saldo de julho acumulado até a quarta semana estava em US$ 6,4 bilhões, deixando o saldo de 2020 com superávit de US$ 28,75.

Por aqui, os investidores estão mostrando otimismo com a reforma tributária introduzindo outras mudanças igualmente necessárias e não deram muita atenção para às duas perdas na equipe econômica de Paulo Guedes. Isso foi capturado, inclusive, pela publicação do "Financial Times", que interpretou com novo ânimo.

A Secovi divulgou que as vendas de imóveis em São Paulo cresceram em junho 24,1%, mas sobre igual período e 2019 encolheram 56%. No mercado, o dólar terminou o dia cotado a R$ 4,158, em queda de 0,92%. Na Bovespa, na sessão do dia 23, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de 267,5 milhões, deixando o saldo de julho negativo em R$ 4,51 bilhões e o ano de 2020 com saídas líquidas de R$ 81,01 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,31%, Paris com -0,34% e Frankfurt estável. Madri e Milão com quedas de respectivamente 1,70% e 0,23%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,43% e Nasdaq com +1,67%. Na Bovespa, dia de alta de 2,05% e índice em 104.477 pontos.

Na agenda desta terça temos o INCC de julho e a nota do setor externo de junho; além de dados do Caged de junho. Nos EUA, os preços de imóveis Case Shiller de maio, a confiança do consumidor do Conference Board e o índice de atividade de Richmond.

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Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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