Mês de junho pode ser ainda melhor

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Bovespa (Foto: ABr/arquivo)
Bovespa (Foto: ABr/arquivo)

O mês de junho pode ser ainda melhor do que foi maio para os mercados de risco, por conta de melhores expectativas de crescimento econômico global e vacinação contra a Covid-19.

Ontem, a B3 emplacou o quarto pregão seguido de alta e registrou valorização de 0,52%, aos 126.215 pontos, com o dólar em alta de 0,2% e cotado a R$ 5,22. Os mercados de Londres e Nova Iorque não operaram por força do feriado de Memorial Day.

Hoje, os mercados da Ásia terminaram o dia com altas e esse processo se estende para os mercados da Europa, começando o dia com ótimas valorizações e futuros do mercado americano seguindo na mesma direção. O índice Stoxx 600 bateu novo recorde de pontos hoje na Europa. Aqui, o teto está aberto para novos recordes do Ibovespa e rumo ao horizonte que estabelecemos no final do ano passado, de que em algum momento de 2021 atingiríamos 132 mil pontos, mas existem previsões ainda mais otimistas de 145 mil pontos. Um passo de cada vez.

Motivo da recuperação dos mercados acionários está na grande liquidez no sistema financeiro com juros baixos, a aceleração da economia global ainda que desigual em países e vacinação maciça contra a Covid-19 reduzindo o isolamento social. Ontem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou suas projeções de crescimento global em 2021 para 5,8%, vindo de anterior em 5,6% e manteve o Brasil com crescimento de 3,7%, que indica estar já defasada.

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Hoje, o dia está sendo de divulgação do PMI industrial de maio para diferentes países. Na China, o PMI Caixin teve alta para 52 pontos, no maior nível em 2021. No Japão, queda para 53 pontos, Na Alemanha, queda para 64,4 pontos e no Reino Unido, alta para 65,6, novo recorde. Na Zona do Euro, o PMI industrial subiu para 63,1 pontos, também em recorde, a inflação medida pelo CPI de maio em alta para 2% na comparação anual e a taxa de desemprego em queda para 8%. Lembrando que indicadores PMI acima de 50 pontos mostram expansão da atividade e todo ficaram bem acima disso.

Na Itália, o PIB do primeiro trimestre mostrou expansão de 0,1%, já na Austrália o Banco Central manteve juros estáveis em 0,10% e acenou com mudanças somente lá para 2024. No mercado internacional, o petróleo WTYI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 2,67%, com o barril cotado a US$ 68,09. O euro era transacionado em leve alta a US$ 1,22 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,62%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com desempenho positivo na Bolsa de Chicago.

Aqui, a Procuradoria Geral da República pediu que o Supremo Tribunal Federal abra inquérito contra Ricardo Salles e a situação do ministro vai ficando insustentável. Já Paulo Guedes deu sinais para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que o Bolsonaro apoia a reforma administrativa, mas a senadora Kátia Abreu disse que setores do governo são contra. O Diário Oficial publica hoje decreto regulamentando o Novo Marco do Saneamento.

Na economia, a FGV anunciou o IPC-S de maio em expansão para 0,81%, vindo de 0,23%, e acumulando alta em 12 meses de 7,98%. A agenda do dia ainda embute dados importantes como o PIB do Brasil no primeiro trimestre e investimentos em construção nos EUA que podem mexer com os mercados. Porém, as indicações são de B3 abrindo novamente e com boa alta, dólar mais fraco e juros em queda.

Ontem foi dia de feriado em Nova Iorque, adicionado de feriado em Londres, é certo que a liquidez dos mercados estreita bastante e aqui não é diferente, sobretudo depois de termos batido recorde de pontuação na última sexta-feira. Mas resistimos heroicamente contra as quedas verificadas na Europa e no índice futuro americano.

Aqui, o dia foi muito intenso de dados de conjuntura e também de declarações de membros do Executivo e Legislativo, numa semana de agenda forte que contempla a divulgação do PIB de primeiro trimestre brasileiro. Começamos o dia com a FGV anunciando a confiança empresarial crescendo 7,9 pontos em maio para 97,7 pontos, no maior patamar desde março de 2014. A confiança do comércio subiu para 93,9 pontos, enquanto a de serviços também apresentou alta, indo para 88,1 pontos.

Já a nova pesquisa semanal Focus do BC mostrou inflação em alta para 5,31% na expectativa de 2021, a taxa Selic em alta para 5,75% e o PIB de 2021 com boa alta para 3,96%, de anterior em 3,52% (e ainda deve expandir mais nas próximas semanas). O dólar permaneceu estável em R$ 5,30 para o final do ano e a produção industrial também estável em 5,50%. A relação dívida/PIB caiu para 63,35% (de 63,75% e o saldo da balança comercial evoluiu para US$ 68 bilhões, vindo de 64,75%, reforçando o que temos afirmado que as contas externas do Brasil vão bem.

Também foi divulgado o superávit primário do setor público em abril de R$ 24,25 bilhões, acumulando no ano R$ 75,8 bilhões, cerca de 2,88% do PIB. O superávit nominal foi de R$ 30,0 bilhões e, no ano, negativo em R$ 37,0 bilhões. O déficit nominal em 12 meses mostra R$ 827,2 bilhões, 10,76% do PIB e a dívida bruta chega a 86,7% do PIB. A dívida bruta é muito elevada para um país emergentes e os dados foram beneficiados por ganhos nas operações de swap cambial do mês e também por quedas dos gastos e orçamento não aprovado.

Bolsonaro também falou ontem, junto com ministros e presidente da BC. Falando com investidores, disse que a crise sanitária preocupa, mas que não compromete as ações de longo prazo. Mostrou vontade de ingressar na Organização Mundial do Comércio e falou de meta de investimento de US$ 72 bilhões no ano. Já Paulo Guedes falou de futurologia, dizendo que os gasto extras estão sendo removidos e voltamos para uma trajetória de controle. Disse estarem revendo o déficit para 3,0% do PIB e com arrecadação forte. Quer reindustrializar o Brasil com energia barata e quer ajuda e investimentos de fora. O presidente do BC falou de China e Índia atraindo capitais e quer que o Brasil faça o mesmo.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pede clareza do Executivo sobre a reforma administrativa para alcançar entrantes no serviço público. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende ampla reforma tributária que englobe todos os impostos.

No exterior, o FMI defende precificar o carbono lançado na atmosfera e cobrar por isso, para estimular o crescimento sustentável. Na Índia, o PIB que encerra ano fiscal em março mostrou alta no trimestre de 1,6%, mas no ano fiscal despencou 7,3%. Já a China está elevando o compulsório bancário em moeda estrangeira para 7% (estava em 5%), já a partir do próximo dia 15.

No mercado internacional os mercados não trabalharam intensamente por conta do feriado e encerraram mais cedo. O petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrou alta de 0,89%, com o barril cotado a US$ 66,91. O euro em US$ 1,22 e notes americanos em funcionar. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas sem referencial. O minério de ferro em Qingdao, na China, é que registrou forte alta de 4,37% (mesmo com patrulhamento do governo), com a tonelada cotada em US$ 198,83, ajudando um pouco as cotações da Vale e siderúrgicas.

No mercado local, o dólar terminou a segunda-feira com +0,25% e cotado a R$ 5,22, depois de muitas oscilações. Na B3, na sessão do último 27, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 1,78 bilhão, deixando o saldo positivo de maio em R$ 10,84 bilhões e o ano com ingresso líquido de R$ 30,0 bilhões, cerca de 10% abaixo do alcançado na máxima de 2021, e depois de muitos saques líquidos. No mercado internacional, queda da Bolsa de Paris de 0,57%, Frankfurt com -0,64%, Madri com -0,80% e Milão fechando estável. Futuros do mercado americano em queda em pregão encurtado. Aqui, a B3 lutou bastante para se manter no positivo e fechou com +0,52% e índice em 126.215 pontos. Em maio registramos valorização de 6,15%.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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