“O anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos de vários países, incluindo o Brasil, feito por Trump acendeu um alerta no mercado e no governo. Ainda que algumas exceções tenham sido negociadas, o movimento joga um novo ingrediente de incerteza sobre a economia brasileira. Isso porque os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e qualquer barreira nesse canal afeta diretamente nossas exportações, nossa indústria e, por consequência, o emprego e os preços.”
A opinião é de André Matos, CEO da MA7 Negócios.
Para ele, do ponto de vista dos setores da economia, alguns têm mais chance de se adaptar.
“O agronegócio, por exemplo, costuma ser ágil na reorientação de destinos de exportação, como China, Europa e Oriente Médio seguem abertos e são grandes compradores. Já a indústria de transformação, eletroeletrônicos, aviação e metalurgia tendem a sentir com mais força e por mais tempo, porque têm cadeias produtivas mais complexas, contratos de longo prazo e forte exposição ao mercado americano. A Embraer, por exemplo, pode sofrer atrasos ou perdas contratuais, mesmo com a exclusão parcial de tarifas sobre aviões. Para o investidor, o momento solicita mais cautela.”
Já para Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX, “o aumento das tarifas impostas pelos EUA gera instabilidade macroeconômica, com impactos diretos sobre cadeias exportadoras brasileiras. A tendência é de maior volatilidade cambial e pressão inflacionária pontual, especialmente em setores que dependem de insumos importados ou perdem competitividade internacional.”
Ao comentar hoje sobre a atualização de tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo busca cooperação com os EUA e que há muito espaço para parcerias entre os países.
“É sobre isso que temos que jogar luz. Mostrar pra eles que não tem essa do Brasil cair no colo de A, B ou C. O Brasil é grande demais. Podemos realmente estreitar os laços de cooperação, desde que seja bom para os dois lados. E há muito espaço para isso. O Brasil, obviamente, concorre com os EUA em alguns aspectos, sobretudo na produção de grãos, carne e uma série de coisas que eles produzem tanto quanto nós. Mas há muitas complementaridades também.”
“Vamos fazer um esforço junto aos EUA pra mostrar que tem muito espaço para cooperação. Eles têm participado pouco de licitações no Brasil. Nossa infraestrutura está crescendo como há muito tempo não se vê. Se você pegar os indicadores de investimento em infraestrutura, eles são robustos. É isso que está segurando emprego, segurando renda. Então por que eles não podem participar mais da nossa economia? Estamos abertos. Não tem problema”, completou Haddad.
De acordo com o ministro, o governo brasileiro ainda trabalha nos detalhes de um plano de contingência voltado para setores afetados pelo tarifaço norte-americano. O pacote, segundo ele, pode ser anunciado pelo presidente Lula já na próxima semana.
“Do nosso lado aqui, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin, estamos encaminhando para o Palácio do Planalto as primeiras medidas já formatadas para que o presidente julgue a oportunidade e a conveniência de soltá-las. Mas, a partir da semana que vem, já vamos poder, a julgar pela decisão do presidente, tomar as medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais.”
Com informações da Agência Brasil
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