Metade dos brasileiros cortou gastos com alimentos. É o que apontou a Pesquisa Exame/Ideia, realizada entre 21 e 24 de setembro, com 1.200 em todo o Brasil. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.
Ainda segundo o levantamento, a avaliação do governo começa a emitir sinais de possíveis impactos negativos da deterioração do poder de compra (redução do auxílio + inflação de alimentos). O ótimo/bom do governo oscilou negativamente de 35% para 34%, enquanto a parcela da população que avalia o governo em ruim/péssimo saltou de 35% para 39% no período. Já a aprovação do governo também mostrou fraqueza ao sair de 40% para 35% a parcela de quem aprova a administração do governo Bolsonaro.
A parcela dos que desaprovam oscilou de 40% para 43%.
O pior desempenho na popularidade do governo foi observado de maneira mais marcante entre o público feminino (47% de ruim/péssimo) e nas classes de menor renda (54% dos que recebem até 1SM desaprovam o governo, vindo de 43% há um mês), refletindo um possível impacto negativo da redução do auxílio emergencial combinado com o aumento do custo dos alimentos.
A próxima pesquisa Exame/Ideia será divulgada no dia 9 de outubro.
A percepção de aumento de custo é significativamente maior que os índices de inflação oficiais (72%) e principalmente (78%) entre os mais pobres.
Diante desse contexto, lazer/turismo (66%) e serviços em geral (57%) lideram os itens de corte despesas. Com destaque para os jovens (70%) do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A pesquisa aponta que para a maioria da população (56%) o arroz está muito mais caro e houve diminuição de consumo.
Para a população mais pobre esse número atinge 75%, quase 20 pontos percentuais acima da média.
A expectativa é majoritária (55%) que o arroz e alimentos seguirão aumentando. Os mais pobres são os mais pessimistas (75%).
O responsável principal, segundo a pesquisa, é a política econômica do governo (41%) e entre os mais pobres esse patamar salta para 51%.
Quando o assunto é reforma administrativa e Renda Brasil, o país está tecnicamente dividido entre congelar recursos dos aposentados para financiar o programa: 44% concordam com o presidente Jair Bolsonaro quando ele vetou o Renda Brasil ("cartão vermelho"), pois para isso seria necessário retirar recursos utilizados para o pagamento de aposentados; 38% discordaram.
Os que aprovam o presidente Jair Bolsonaro formam o grupo mais alinhado com o anuncio do presidente (59% a favor da declaração). Quando indagados sobre a fonte de recursos para um programa de renda básica, é esmagadora (73%) a percepção que deve se cortar privilégios de políticos. Entre os mais pobres esse índice chega a 80% .
A percepção que a classe política vive em outra realidade segue firme no Brasil.