Mico preto

114

“Os bancos europeus sofreram mais perdas do que os norte-americanos com o arrocho do crédito de alto risco, em grande medida devido ao êxito dos bancos norte-americanos na securitização das hipotecas. Dos US$ 387 bilhões em perdas creditícias anunciados pelos bancos globais em 2007-2008, US$ 200 bilhões foram absorvidas por bancos europeus e US$166 bilhões por instituições dos EUA, que venderam grandes blocos de dívida de alto risco a grupos europeus, segundo o Instituto de Finanças Internacionais.” A afirmação é de Norman Gall, diretor-executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial (Associado à Faap), em estudo feito em setembro.

Nem nem outro
Enquanto em São Paulo é possível identificar com nitidez diferenças entre Kassab (DEM) e Marta, no Rio, os cariocas voltam às urnas procurando com lupa distinções relevantes entre Paes (PMDB) e Gabeira (PV), que vão além de estilos comportamentais. Diante desse quadro anódino, circula na Internet mensagem do movimento intitulado Nem Um Nem Outro recordando que, dos 4.579.365 eleitores em condições de voto, Paes e Gabeira, somados, tiveram apenas 41,2% dos votos, no primeiro turno. Os outros 58,8% votaram em outros candidatos, em branco, nulo ou se abstiveram. Em números, 3.759.081 recusaram-se a votar os dois candidatos alçados ao segundo turno, apesar da intensidade da militância da mídia e das campanhas milionárias.

Tem uma!
Numa campanha morna e indefinida, Paes deixou de perguntar a Gabeira, que votou favoravelmente à taxação de aposentados e pensionistas, se revogaria o mecanismo utilizado pelo prefeito César Maia (DEM), pelo qual o Rio é a única capital de estado a não tungar seus funcionários inativos. Gabeira poderia explicar se é favorável a taxar apenas aposentados da União ou também os municipais.

Rabo preso
A omissão de Paes – que votou contrariamente à taxação – em relação a temática tão sensível ao eleitorado, no entanto, talvez deva-se ao constrangimento de a iniciativa ter partido do neoaliado Lula, que, quando na oposição, orientou seu partido a pelo menos três vezes derrotar a taxação, quando proposta pelos tucanos, em cujo ninho se encontrava à época Paes.

Espaço Publicitáriocnseg

Prateleira
Pode ser paranóia desta coluna, que ficou com a pulga atrás da orelha com o lançamento, pela multinacional Unilever, de uma versão da bebida à base de soja AdeS com 850ml, em que o consumidor leva mais 150ml “grátis”. A embalagem e o preço são iguais à versão de um litro. O medo é que, após alguns meses de “promoção”, fique no mercado apenas o produto de 850ml, sem o brinde e com preço igual ao da versão tradicional.

Contraditório
Ao ressaltar as conseqüências da entrega das rédeas da economia mundial à ação livre dos mercados, o presidente Lula não prática apenas uma retórica da ironia. Na verdade, adverte, com propriedade, para a forma leviana como questões complexas foram naturalizadas por aqui – inclusive, por seu governo, registre-se. No entanto, ao usar o agravamento da crise para ameaçar ampliar o corte de gastos públicos contradiz a própria advertência, preferindo apostar na ação do “mercado” para reativar investimentos e crédito. Tudo isso, apesar de desautorizado, inclusive, pelos fatos mais recentes.

Lá pode?
A aprovação, quinta-feira, pelo Conselho da Cidade de Nova York (equivalente à Câmara de Vereadores no Brasil) da autorização para o prefeito da cidade, Michael Bloomberg, concorrer ao terceiro mandato consecutivo não provocou reações iradas nos colunistas tupiniquins, recorrentes quando políticos não-amigos têm pretensões semelhantes. Bloomberg, cujo segundo mandato termina no final de 2009, pela lei, não poderia concorrer a mais uma eleição, no entanto, surfando na crise financeira, o milionário dono do sistema de comunicações que leva seu sobrenome, contou com o beneplácito do Conselho, para, por 29 votos a favor e 22 contra, aprovar mais uma reeleição.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui