Micros enfrentam desafios para crescer

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Microempresa (Fabrica Sabrina Fattori/Divulgação)
Microempresa (Fabrica Sabrina Fattori/Divulgação)

A maioria dos líderes das pequenas e médias empresas brasileiras têm a intenção de expandir seu negócio no próximo ano. De modo geral, é o que apontam 60% dos entrevistados da pesquisa “Cabeça de Dono”, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Itaú Empresas. Essa perspectiva, entretanto, é diferente a depender do tamanho da empresa: o crescimento é mais esperado pelos médios empresários, chegando a 66% deste público, do que pelos pequenos (58%). A diferença na percepção dos desafios enfrentados também é notada em outros aspectos avaliados no estudo – com impactos mais intensos nas pequenas empresas.

A pesquisa inédita, realizada entre julho e agosto, ouviu 1.001 homens e mulheres líderes de pequenas empresas – com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões anuais – e de médias – entre R$ 4,8 milhões e R$ 50 milhões anuais –, nas cinco regiões do Brasil. Ela traz um panorama sobre as necessidades e desafios enfrentados pelas PMEs, com o objetivo de jogar luz a um segmento tão importante para a economia. Isso porque as PMEs são responsáveis por 30% do PIB e geram 50% dos empregos ativos, impactando potencialmente mais de 80 milhões de brasileiros.

“A percepção de solidão, falta de apoio ou de reconhecimento, sobrecarga e implicações na vida pessoal dos pequenos e médios empresários brasileiros é comprovada em todo o estudo ‘Cabeça de Dono’. E a palavra-chave que permeia cada desafio é ‘tempo’. O gestor que volta sua energia para dentro da empresa, focando no operacional, acaba não conseguindo se dedicar ao crescimento e evolução da sua empresa. A falta de conhecimento em determinadas áreas o faz perder esse tempo precioso que, se fosse dedicado de maneira eficiente, poderia alavancar oportunidades no negócio e na vida pessoal – gerando mais tempo para a família ou para cuidar da saúde. Se o tempo é um ativo finito, por que não usar para o que realmente importa?”, questiona Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Os desafios são intensos e falta tempo para o líder da PME se especializar ou buscar ajuda, já que precisa constantemente ‘equilibrar os pratos e deixar nada cair’: dos 98% dos entrevistados que participam diretamente de decisões estratégicas da empresa, 37% deles assumem sozinhos todas as decisões e direcionamentos estratégicos de ao menos uma área. Já entre os 96% que também executam tarefas operacionais, em 33% dos casos eles são os únicos responsáveis pela execução de atividades cotidianas em um ou mais setores.

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Geralmente, estão mais envolvidos com os temas ligados ao comercial, entrando um pouco menos nos assuntos especializados, como jurídico e tecnologia da informação. Entre os pequenos empresários, por exemplo, 78% responderam que se envolvem na decisão e direcionamento da área comercial contra 64% dos líderes das médias empresas, e 74% dos menores atuam também nas tarefas cotidianas do mesmo setor, contra 68%.

A pesquisa buscou entender também quais são os principais desafios em que os líderes relatam ter alguma ou muita dificuldade.

Cenário externo

Em Cenário Externo e Competitivo, por exemplo, 79% das pequenas sentem alguma ou muita dificuldade ao enfrentar a concorrência, enquanto, entre as médias, 74% têm a mesma percepção. A diferença é maior ao lidarem com questões externas ao negócio, como crises econômicas, flutuações de mercado, entre outras, chegando a 84% nas pequenas contra 76% das médias.

Já em Crescimento e Inovação, as diferentes percepções se destacam, sendo que 76% dos pequenos empresários sentem alguma ou muita dificuldade ao ter que desenvolver estratégias eficazes de marketing e vendas, frente a 59% dos médios. Inovar e lançar novos produtos e serviços também é desafiador para eles, com 70% contra 57% respectivamente. No entanto, em relação a aumentar o faturamento e fazer a empresa crescer, a diferença é menor entre as duas categorias, embora o impacto seja mais alto, alcançando 85% dos donos de pequenas empresas ante 80% das médias.

Por fim, em Gestão Financeira, criar e/ou manter uma reserva financeira para lidar com adversidades é mais desafiador para as pequenas empresas (81%) frente as médias (71%), apresentando alguma ou muita dificuldade. Já obtenção de crédito, capital de giro ou investimentos é praticamente igual para as duas categorias, assim como controle de despesas e corte de custos.

“Os dados mostram que, além de decisões mais relacionadas ao seu negócio, os empreendedores também precisam tomar decisões e executar outras funções – incluindo financeiras, operacionais e inclusive em áreas técnicas, como jurídico e tecnologia da informação, que demandam conhecimento específico. Isso reforça como eles estão sobrecarregados e o tamanho do desafio que é manter suas empresas progredindo, ao se verem com a responsabilidade por tantos setores que demandam habilidades diversas – e que se acumulam e evoluem conforme as empresas crescem”, contextualiza Cadu Peyser, diretor de estratégias e produtos para PMEs do Itaú Unibanco.

Rotina

O estudo “Cabeça de Dono” avaliou também como os pequenos e médios empresários se sentem em relação à rotina de trabalho e como isso afeta suas vidas, novamente com uma percepção maior entre as empresas menores: 53% destes líderes relatam problemas de saúde decorrentes da rotina do negócio, contra 47% nas médias. Desafios financeiros também já foram enfrentados por 63% dos pequenos empresários, contra 50% dos médios. Além disso, 64% das lideranças nas pequenas concordam que ter tempo para casa e família e ainda tocar o negócio é um grande desafio, contra 55% das médias.

Nada disso, porém, os impede de manterem sua disposição em investir, crescer e continuar sua jornada empreendedora, pois sabem do seu valor para a sociedade: entre as pequenas empresas 86% concordam que as PMEs são muito importantes para a economia brasileira – índice que cai para 76% no caso das médias.

A visão de futuro divide os empreendedores e é um indicativo de como os seus diversos desafios impactam o desenvolvimento de suas empresas – e consequentemente, sua prosperidade e a do país: 60% dos entrevistados têm a expectativa de crescer nos próximos 12 meses, enquanto 38% pretendem permanecer do mesmo tamanho e 2% acreditam que sua empresa será reduzida. Os médios são os que tem melhor perspectiva de crescimento, chegando a 66% dos líderes, contra 58% dos pequenos.

“Muitos empreendedores ainda não se sentem prontos para crescer, não têm os ferramentais necessários ou não querem renunciar às suas funções operacionais por falta de confiança em outros profissionais. E mesmo entre os que acreditam no crescimento, isso pode ser um grande desafio. Temos um potencial enorme para o país que ainda não é aproveitado”, afirma Peyser. “A perspectiva de crescimento poderia ser maior se eles tivessem apoio especializado para fazer isso de forma assertiva e sustentável. Foi com isso em mente que estruturamos o Itaú Empresas nos últimos anos e temos acreditado neste diferencial: oferecer um olhar de planejamento estratégico e assessoria nos temas mais importantes – atuando como um time estendido de cada empresa – pode atenuar o peso da tomada de decisão e liberar o tempo dos empreendedores para que eles foquem no que é mais importante, criando um círculo virtuoso de prosperidade para o segmento e o país”, conclui o diretor do Itaú Unibanco.

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