Enquanto o mundo discute a desdolarização, o governo de Javier Milei, na Argentina, traçou rumo no sentido inverso, assumindo o risco extremo de atrelar o país a uma moeda em descrédito e abrir mão da soberania. Porém a política levada a cabo por Milei até agora, segurando o valor do dólar, sabota sua própria proposta e vai contra o que promete.
A forte desvalorização do peso em dezembro, quando o presidente assumiu, teve objetivo reduzir a base monetária e liquefazer a poupança em pesos. Ou seja, reduzir a quantidade de dólares necessária para converter os pesos que circulam na economia.
Mas a atual relação entre a taxa de câmbio (que se manteve estável após a desvalorização de dezembro), a taxa de juros e a inflação contrariaria o objetivo de avançar com a dolarização no futuro.
O dólar oficial se desvaloriza a uma taxa mensal de 2%, contra uma inflação cujo nível mensal mais baixo registrado desde o início do ano foi de 8,8%. Neste ano, o aumento de preços acumulou 65%, enquanto o dólar valorizou apenas 9,3%. Soma-se a este cenário a queda das taxas de juros, que passaram de 133% em dezembro para 40% atualmente.
Os investimentos estão perdendo da inflação, mas vencem o dólar. “É uma grande contradição porque, se o que se quer é dolarizar, isso é errado, porque toda vez que as aplicações são atualizadas, a taxa que o Banco Central (BCRA) paga ao os bancos comerciais, a taxa repo, essa variação supera o dólar, o que aumenta o dólar no meu passivo, é uma grande contradição”, explicou Julia Strada, diretora do Centro de Economia Política Argentina (Cepa), em entrevista à agência de notícias Xinhua.
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O objetivo do governo Milei é eliminar as restrições cambiais no final deste ano, enquanto a dolarização seria proposta para as eleições presidenciais de 2025, depois de criadas as condições exigidas.
“Até dezembro, antes da mudança de governo, a Argentina tinha reservas negativas com base nas reservas líquidas; depois, embora Milei tenha conseguido melhorar as reservas, apesar da desvalorização e da liquefação, ainda não é suficiente para levantar os estoques”, comentou Strada.
“Não é suficiente, porque, se todos os passivos do Banco Central pressionarem o dólar, a quantidade de dólares que integrará a procura será maior”, acrescentou.
Segundo estudos do Cepa, com base no valor do dólar oficial no início de março passado, o passivo do BCRA em pesos exercia uma pressão de cerca de US$ 88 bilhões, enquanto se houvesse uma nova desvalorização esse número cairia para US$ 35 bilhões.
Brasil e IA na pesquisa contra câncer de mama
Pesquisadores brasileiros mostraram que uma solução de inteligência artificial (IA) é capaz de rastrear padrões ocultos complexos que conferem aumento do risco de câncer de mama por meio da análise de um simples exame de sangue, como o hemograma.
A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista Scientific Reports (grupo Nature), conduzido pela Huna, uma deeptech brasileira de IA, em parceria com o Grupo Fleury e participação de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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A 4ª edição do “Summit Abrainc 2024 – Inovação e Liderança na Incorporação Imobiliária” será realizada no próximo dia 4, 8h, em São Paulo, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da Caixa, Carlos Vieira. Detalhes aqui *** No Rio2C 2024, o Summit Creator Economy by Play9, 4 de junho, 10h, terá Leandro Karnal, Fátima Bernardes, Matheus Costa, entre outros *** O MUB3 – Museu da bolsa do Brasil realiza na manhã desta terça-feira (4), o “Seminário Leituras Históricas: economia feminina negra do século XIX à contemporaneidade”. Inscrições aqui *** Neste sábado, às 15h, a autora niteroiense Iva França lança seu quarto livro, O lúdico poético em nós, na Grégora Arte Café, na Glória, na Zona Sul do Rio.